Indicações rituais para “Corpus Christi”
A Solenidade de Corpus Christi (ou do Corpo de Deus, como maravilhosamente nomeiam os antigos) é uma das maiores e mais importantes solenidades da Liturgia. Passada a Quinta-feira Santa e o consequente Tempo Pascal, a Igreja adora novamente, com um rito próprio, o mistério eucarístico.
Nosso Senhor demonstra atenção com os ofícios litúrgicos
O Papa Urbano IV adora ao milagre de Bolsena
Pintura de Rafael Sanzio. Museus Vaticanos.
Até 1264 não havia esta solenidade no ano litúrgico. Portanto, em visões à freira Juliana de Cornion, Cristo demonstrou a Liturgia a ela como se fosse uma lua, mas faltando uma parte em seu brilho, que era a ausência de uma festa proeminente eucarística. Isso nos faz pensar que Nosso Senhor importa-se com o que é feito na Liturgia, uma vez que se destina para o culto a Ele. Após as aparições à freira, a sua diocese belga, de Liége, instituiu a nível local a festa eucarística.
Procissão de Corpus Christi em Vancouver (Canadá), no ano de 2012
Passados 20 anos, em Bolsena (Itália), durante a Missa celebrada por Pe. Pedro de Braga, da hóstia consagrada verteram gotas de sangue; o reverendo duvidara da presença eucarística. O Papa de então, Urbano IV, estava na cidade vizinha, Orvieto, ordenou que lhe trouxessem a hóstia miraculada. Quando a viu, vinda em procissão, exclamou: “Corpus Christi!”. Ele era do clero de Liège quando das visões de Irmã Cornion. Em 1264, ano de sua morte, o mesmo Papa estendeu à toda a Igreja a festa eucarística da diocese de Liège, pedida por Cristo e como memorial do milagre de Bolsena. São Tomás de Aquino compôs textos para os ritos litúrgicos, depois de também outros teólogos apresentarem suas versões. Somente em 1274 começou o costume de fazer a procissão expondo a hóstia consagrada numa custódia (ostensório).
Indicações rituais
A preparar:
— Casula e estola para a Missa e pluvial e véu umeral para a procissão (brancos, dourados ou prateados)
— Evangeliário sobre o altar (se não houver Diácono ou Concelebrantes)
— Ostensório
— 2 hóstias para serem consagradas (Cerimonial dos Bispos, n. 388)
— 2 turíbulos, conservando o segundo para a procissão e o principal para a Missa e a exposição eucarística (Cerimonial dos Bispos, n. 388)
— Pálio para a procissão, que serve que tenda móvel e não a insígnia arquiepiscopal
— Altares ornados com o necessário para a adoração e bênção eucarísticas durante a procissão
— Tudo quanto é necessário para uma Missa solene, tanto conforme se o Celebrante for um Presbítero, quanto se ele for um Bispo
O rito:
01. A Liturgia da Palavra possui uma Sequência própria, a ser cantada por todos, ainda sentados, antes da proclamação Evangelho.
02. A Missa segue o rito comum até o fim da Comunhão: mantendo o corporal sobre o altar, enquanto purifica os vasos, o Celebrante (ou o Diácono) toma a segunda hóstia que foi consagrada e não foi consumida e a expõe no ostensório. O uso de um trono para sustentar o ostensório só faz-se necessário quando este é pequeno ou a igreja é muito grande, de modo de as pessoas em lugares mais distantes do altar tenham dificuldade no contato visual.
03. Todos que passarem diante da exposição solene, após a Comunhão, fazem genuflexão.
04. Rezada a Oração Depois da Comunhão, o Celebrante retira sua casula (e a estola, se for diferente daquela do pluvial) e veste o pluvial, também chamado de capa De Asperges. Concelebrantes também podem vestir pluvial, mas Diáconos mantêm-se paramentados com suas dalmáticas.
05. O Celebrante dirige-se para a frente do altar, enquanto os ministros lhe levantam as extremidades do pluvial. Fazem genuflexão e, de pé, o Celebrante impõe incenso nos dois turíbulos e volta a ajoelhar-se. É-lhe dado o primeiro turíbulo e com ele incensa o Santíssimo. Fazem-se alguns instantes de adoração silenciosa.
06. Enquanto isso, o crucífero inicia a procissão, ladeado por dois ceroferários, com as velas.
07. O Celebrante recebe o véu umeral e toma nas mãos o ostensório, cobrindo-lhe a base. Os turiferários vão à sua frente. Ao seu lado avançam os ceroferários, com as velas. O Celebrante situa-se abaixo do pálio, sustentado por fiéis dignamente vestidos. Todos os outros carregam velas acesas.
08. Se no trajeto acontecer bênção eucarística, o ostensório é posto sobre o altar propositalmente preparado, sem exagero em imagens (exceto as de anjos), mas com flores e velas no maior número possível. O Celebrante incensa o Santíssimo, enquanto todos cantam o Tão sublime. A seguir, ele recita o versículo Do céu, ao que todos respondem Que contém, e ajunta a oração Senhor, que neste admirável Sacramento. O Celebrante toma nas mãos de novo o ostensório, traça a bênção em forma de cruz grega, enquanto todos estão em silêncio, e, depois, continuam a procissão.
09. Pode haver bênção à porta da igreja, sempre observando-se o mesmo rito. As aclamações Bendito seja Deus e a Oração pela Igreja, pelo Clero e pela Pátria (Deus e Senhor nosso, protegei a Vossa Igreja) também podem ser feitas.
10. Ao fim de tudo, despede-se o povo como no fim da Missa e recolhe-se o Santíssimo Sacramento no sacrário.