Direto da Sacristia
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Posse do Patriarca de Veneza Moraglia

Postado em 10 abril 2012por E. Marçal

Sua Ex.cia Patriarca Francesco Moraglia
58 anos 

No domingo, dia 25 de março último, tomou posse canônica do governo do Patriarcado de Veneza na Catedral de São Marcos Mons. Francesco Moraglia, transferido da diocese de La Spezia-Sarzana-Brugnato no último dia 31 de janeiro.

Dois pontos tornam este fato ainda mais relevante: 1. A homilia do Patriarca, proferida na ocasião e da qual trataremos mais adiante; e 2. Que mesmo sendo por si mesmo mais destacado do que a diocese de Lourdes, o Patriarcado de Veneza tem uma coisa em comum àquela – sua nomeação e a escolha para esta é o reflexo da renovação no episcopado mundial e um sinal de esperança para o [episcopado] italiano. Lourdes, embora não sendo arquidiocese e muito menos um patriarcado, é o coração espiritual da França e um dos maiores santuários de peregrinação mundial. Veneza é importante por sua história, seu destaque e por três Papas do século passado (Pio X, João XXIII e João Paulo I) terem sido seus pastores antes de serem eleitos ao trono pontifício; e com essas circunstâncias, o Patriarca dos venezianos faz com que se volte a ele a atenção e ainda mais depois de sua homilia durante a Missa de posse canônica.

Trajado como um verdadeiro cardeal, nomeação à qual, como Patriarca, tem direito no próximo consistório

Antes de ingressar na Sé de São Marcos, Mons. Moraglia foi recebido por autoridades civis no cais da cidade, vindo em uma gôndola. Já trajava veste talar vermelha, tal e qual os cardeais, como um verdadeiro Príncipe da Igreja. Como São Paulo, que, embora fosse questionado se era ou não apóstolo – por não ter conhecido o Senhor e, ainda mais, ter perseguido e devastado a Sua Igreja, sempre afirmou a sua legitimidade. Embora ainda não tenha sido criado cardeal, a veste cardinalícia é de direito de uso a Mons. Moraglia e a todos os seus sucessores, segundo um antigo e consolidado privilégio de ser o Patriarca de Veneza inscrito no Sacro Colégio dos Cardeais no primeiro consistório após sua nomeação, publicação e posse canônica (tal como acontece ao Patriarca de Lisboa). Porém, o termo “Cardeal” como título a ser ele designado e a ser por ele assinado como seu sobrenome só será permitido após a sua efetiva criação cardinalícia.

E, no dia da posse canônica, bons augúrios a tudo envolviam; aqueles augúrios que é bom que sejam encontrados em momentos como esse: 25 de março é a data de fundação da cidade de Veneza e dia do povo do Vêneto; o Cardeal Marco Cé, do título presbiteral de San Marco, assistia à posse do seu segundo sucessor em Veneza (o Cardeal Scola governou por 9 anos); e a esperança que brotou após os presentes ouvirem a homilia na Missa:

Com informações da página virtual do Patriarcado de Veneza

Ao púlpito da Catedral, o novo Patriarca subiu de báculo na mão e precedido por sua cruz arquiepiscopal. Ambas as insígnias que permaneceram ao seu lado durante toda a homilia, e, como o povo, testemunharam as palavras de uma clara homilia, que representam seu pensamento como deve um bispo se comportar no atual cenário mundial, passando por vários assuntos.

De início, quando alguns bispos abertamente se opõem ao ensinamento da Igreja e às palavras do Santo Padre, citou palavras de São Cipriano de Cartago, onde reconhece o dever do bispo de uma igreja particular de viver em estreita comunhão com os outros bispos; mas, somente a “comunhão com o Bispo de Roma garante a mesma colegialidade episcopal”. E alguém , no governo de uma diocese, a dizer isso, é uma luz não somente para a Itália, mas também para toda a Igreja. Não que ele seja o único ou um dos poucos que são fiéis à integridade de seu ministério, mas tempos atrás a disseminação de ideias de alguns poucos homens, contaminou a muitos e, agora, dizeres como esses têm o poder de relembrarmo-nos de nosso “primeiro amor”, como disse no Apocalipse o Senhor à Igreja de Éfeso. Inovações, e não apenas elas, mas duros e perigosos modos de exigir uma discussão de algo já perfeitamente esclarecido e encerrado, embora não citados diretamente, foram condenados pelo Papa Bento XVI em sua homilia na Santa Missa Crismal no último dia 05 de março, em evidência ao Apelo à Desobediência de alguns padres austríacos e de outros países.

Referiu-se ao Vaticano II e ao seu 50º aniversário de inauguração, realçando a sua leitura como hermenêutica de renovação na continuidade, como propõe Bento XVI. Não sabemos, pois, quem está mais errado: os que veem o Vaticano II como época de renovação mediante um esquecimento de tudo anterior à década de 60 ou uma volta às origens e esquecendo-se dos últimos séculos ou quem não testifica o Concílio como validamente necessário e ao qual assistiu o Espírito de Deus.

Afirmou que a nova evangelização só acontecerá como tal se a comunidade evangelizante for, antes dos outros, “regenerada em sua relação vital com Cristo”, e não será a partir de “desenvolvimento de planos pastorais ou projetos acadêmicos de faculdades teológicas”, que apesar de contribuírem “para o trabalho de evangelização”, mas não são o fundamento desta.

Sobre a produção teológica de hoje, comparou-a com o episódio pascal dos discípulos de Emaús, que desacreditando da vitória de Cristo sobre a morte, quiseram dizer, por suas próprias interpretações, quem era Jesus. Semelhantemente, segundo o Patriarca Moraglia, é possível ver “a imagem de uma certa teologia, mais desejosa do que iluminada, totalmente dedicada à árdua e improvável tentativa de salvar, através de suas próprias categorias, Jesus Cristo e a Sua Palavra. Mas, nesta imagem, somos representados nós mesmos, cada vez, com nossa programação pastoral, com nossos projetos e debates, à parte de uma verdadeira fé, pretendemos explicar a Jesus Cristo quem Ele é“.

Contudo, na Eucaristia, o realismo cristão, Cristo é o que realmente é, “vivo e verdadeiro”.

Por fim, disse que o reflexo do mesmo realismo é o que pertence ao homem: primeiramente o respeito à vida; a promoção da família; a educação; o trabalho como um direito e dever na dignidade dos trabalhadores e suas famílias; o bem comum com a contribuição da [verdadeira] doutrina social da Igreja.

Rezemos por esse Patriarca que promete no futuro da Igreja.

Abaixo, algumas fotos do dia.

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