Direto da Sacristia
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Novo Grão-Mestre do Santo Sepulcro

Postado em 01 setembro 2011por Erick Marçal

Um dos brasões da Ordem do Santo Sepulcro
Destaque para o mote “Deus lo vult” – Deus o quer,
grito dos cruzados durante os ataques
O Santo Padre Bento XVI nomeou S.E.R. Arcebispo Edwin Frederick O’Brien, até então arcebispo de Baltimore e primaz dos Estados Unidos da América, pró Grão-Mestre da Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém, sucedendo o Em.mo Sr. Cardeal John Patrick Foley, também norte-americano. A Ordem é uma organização leiga, aberta aos eclesiásticos, dedicada a promover e a defender o cristianismo na Terra Santa, apoiando o Patriarcado Latino de Jerusalém, atenta às necessidades dos católicos na região. Suas origens remontam à Primeira Cruzada, quando seu líder, Godofredo de Bulhão, conquistou Jerusalém.


Em.mo Sr. Cardeal John Patrick Foley, Grão-Mestre emérito
porta as insígnias da Ordem: 
o tosão abaixo do cordão da cruz peitoral e uma condecoração

S.E.R. Edwin O’Brien tem 72 anos, tendo nascido em Bronx, Nova York. Foi ordenado sacerdote pelas mãos do famoso e polêmico Cardeal Francis Spellman, passando a servir como capelão militar em um colégio. Em 1971, foi enviado ao Vietnã, passando a residir em uma acampamento do exército no meio da selva, de onde, juntamente com um ministro protestante, voava de helicóptero para prover assistência espiritual aos soldados que combatiam nos postos avançados de defesa. Seu modelo era o Pe. Vincent Capodanno, capelão que mesmo tendo sido alvejado por vários tiros e perdido um braço, recusou resgate e preferiu dar sua vida para administrar os sacramentos aos militares agonizantes, vindo a falecer logo depois. Desapontado com os cursos da guerra, Pe. O’Brien deixa as forças armadas para estudar em Roma e defender sua tese de doutorado em Sagrada Teologia. Foi reitor do Pontifício Colégio Norte-Americano de Roma entre 1991 e 1994. Dois anos após retornar aos EUA, recebeu a nomeação de bispo auxiliar da Arquidiocese de Nova York, sendo apontado bispo coadjutor da Arquidiocese castrense em menos de um ano, assumindo seu novo posto em poucos meses. Em 2007, foi transferido para a Sé-Primaz de Baltimore.


 S.E.R. Arcebispo Edwin O’Brien, eleito novo Grão-mestre da Ordem



É reconhecido internacionalmente por seu conhecimento e defesa da Santa Doutrina da Igreja. Tomou como lema episcopal Pastores Dabo Vobis (Dar-vos-ei pastores),refletindo sua experiência como reitor e o seu desejo de encorajar cada vez mais jovens a estarem disponíveis a responder ao chamado de se doarem por completo à causa de Cristo. Envolveu-se no caso do seminarista Eugene Hamilton, um jovem de 25 anos que recebeu diagnóstico de câncer terminal ainda no início de sua formação rumo ao sacerdócio. Conseguiu com sucesso uma dispensa da Santa Sé e o ordenou diácono e logo após sacerdote, poucas horas antes de sua morte.


Crítico ferrenho do aborto, da eutanásia e das uniões homoafetivas, não se acovardou como alguns pastores que, buscando uma posição neutra entre o bem e o mal, preferem se omitir a defender os ensinamentos da Santa Igreja. O arcebispo O’Brien não hesitou de entrar com um processo contra o conselho municipal que, juntamente com a senhora prefeita, havia aprovado leis contrárias à defesa e à preservação da vida humana. Com a inspiração digna de um príncipe zeloso da Igreja, saiu vitorioso, conseguindo revogar aquelas leis.


Envolveu-se em polêmica com os Legionários de Cristo. Por pedido do Vaticano, não os expulsou de sua arquidiocese, mas limitou consideravelmente suas atividades. Segundo ele, a polêmica Congregação não prezaria pela dignidade humana de seus membros com sua prática de cega obediência aos superiores. Condenava os pesados métodos de persuasão usados pelos sacerdotes para atrair jovens, criticando a postura de alguns que pregavam ter a Legião a melhor interpretação da doutrina da Igreja. No entanto, fazia questão de explicar aos seus diocesanos que não se pode julgar os Legionários como algo do mal, baseando-se na personalidade de seu fundador, que fora para ele um gênio sociopata e com distúrbios de diversas ordens.


Sua forte saúde, aliada aos conhecimentos de situações geopolíticas que adquirira enquanto arcebispo militar foram fatores considerados quando Bento XVI o nomeou pró Grão-Mestre da Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém. Receberá o título pleno quando assumir o novo posto, devendo receber o barrete cardinalício no próximo Consistório.


A Ordem do Santo Sepulcro goza de uma participação importante na preservação do cristianismo na Terra Santa. Apesar de ser bastante antiga, foi reorganizada e revitalizada pelos Papas João XXIII e Paulo VI. O beato João Paulo II elevou a ordem à dignidade de Associação Pública de Fiéis, com personalidade canônica e civil e com um estatuto próprio, já que seus membros estão dispersos além dos limites nacionais e diocesanos. Sua estrutura é hierárquia, sendo governada pelo Cardeal Grão-Mestre. Ao patriarca latino de Jerusalém é garantido o título de Grão-Prior. A ordem preza pelo fortalecimento da fé de seus membros na fidelidade ao papa e aos ensinamentos da Igreja. Estes se dedicam ao serviço da caridade e dos trabalhos sociais e culturais, defendendo os interesses católicos na Terra Santa, contribuindo para que a nossa fé nunca morra naquela terra onde tudo começou. O Grande Magistério, composto por leigos eleitos para ocupar suas diversas instâncias, auxilia o Grão-Mestre coordenando as atividades da ordem pelo mundo e administrando seu patrimônio.




O Patriarca Latino de Jerusalém, Sua Beatitude Fouad Twal, Grão-Prior da ordem, 
(em primeiro plano) com um leigo membro do Grande Magistério.
Atrás, com o Em.mo Sr. Cardal John Patrick Foley, Grão-Mestre Emérito. 


Casal-membro do ramo leigo da Ordem

Possui mais de 20.000 membros, leigos e eclesiásticos espalhados por diversos países. Entre os clérigos de renome que ocupam suas fileiras destacam-se o Em.mo Sr. Cardeal Raymond Leo Burke, prefeito do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica, e o Em.mo Sr. Cardeal Seán O’Malley, OFMCap, arcebispo de Boston.


Investidura de novos membros da Ordem
Rezemos para que o novo Grão-Mestre continue a ser um pastor amante que zela pela Esposa do Amado.

a Cruz de Jerusalém, a cruz das cruzadas. 
As quatro cruzes menores simbolizam os quatro evangelistas 
e os quatro pontos cardeais de onde se espalhou, desde Jerusalém, 
a mensagem de Cristo para o resto do mundo. 
Era um símbolo do Reino Latino de Jerusalém.

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