Direto da Sacristia
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Neocatecumenato fora do Japão

Postado em 18 dezembro 2010por E. Marçal

Quase como aconteceu aos jesuítas há séculos passados…

Do Fratres in unum

Solicitação foi apresentada por parte dos bispos japoneses

Ícone da “Virgem do Caminho”
venerado no movimento

Não é necessário minuciosa observação para constar que a Igreja tem passado por graves problemas no Oriente. Desde a evangelização de São Francisco Xavier nas terras do Sol nascente que o Cristianismo não encontrou ares permanentemente tranquilos. As situações adversas ou têm acontecido de agentes externos à Igreja, como o martírio no Iraque e a ordenação episcopal sem mandato pontifício na China, ou ocorre da parte dos próprios membros seus, como vemos agora.

É do conhecimento de todos que, sendo o Bispo o Ordinário na diocese tanto para os fiéis leigos, como para o clero, secular e regular, é sua decisão se alguma congregação ou institutos religiosos podem exercer atividades no território de sua jurisdição, princípios defendidos nos cânones 678 § 1 (os religiosos estão sujeitos ao poder dos Bispos, aos quais devem obedecer, com devotado respeito e obediência, no que se refere à cura das almas, ao exercício público do culto divino e às outras obras de apostolado) e 1320 (os religiosos podem ser punidos pelo Ordinário local em todas as coisas em que estão sujeitos a ele).

Celebração com os membros do Neocatecumenato


Finalmente, depois dessa introdução: os bispos japoneses pediram a Kiko Arguello, co-fundador do Caminho Neocatecumenal, o encerramento por cinco anos das atividades do referido movimento no país, que há 30 anos lá está presente. Segundo pronunciamento de S.E.R. Joseph Mitsuaki Takami, Arcebispo de Nagasaki, são causa dessa decisão:

1. A obediência dividida dos padres do Caminho – tanto ao Bispo local como aos seus superiores em Tóquio. Obediência relativa, inadequada ou insuficiente ao Ordinário local;

2. A celebração da Missa em língua vernácula (japonesa), mas os cantos executados não o são. Tudo é segundo a espiritualidade de Arguello, muito diferente da cultura e mentalidade locais.

3. Promoção das celebrações de modo imperfeito, como se os membros fossem “superiores” ao modo de celebrar dos padres diocesanos comuns.

4. O movimento mantém suas finanças separadas daquelas da paróquia, que torna difíceis os relatórios para o governo e enfraquecem as comunidades paroquiais.

Devido à gravidade inerente a esse quadro, no passado dia 13 de dezembro, o Papa Bento XVI convocou bispos nipônicos para uma reunião a portas fechadas no Vaticano. Segundo o Arcebispo de Nagasaki, o Papa não estava confortável com o plano. Contudo, nem o Vaticano, nem algum membro do Neocatecumenato, fizeram qualquer comentário público. O Arcebispo Takami classificou o movimento como “seita com poderosa atividade divisiva e confrontante”.

Em dezembro 2007, o Arcebispo de Tóquio, S.E.R. Peter Takeo Okada, falou com Bento XVI. Conversas posteriores com o Romano Pontífice e os bispos japoneses culminaram no fechamento do seminário do movimento em Tóquio em março do ano passado. Os seminaristas foram enviados para o Seminário Redemptoris Mater, de Roma, pertenente ao Caminho.

Kiko Arguello, co-fundador do Caminho


Segundo os bispos do Japão, os cinco anos sem operar em suas dioceses servirão ao Neocatecumenato como tempo de reflexão “sobre suas atividades” em terras japonesas. Até agora, a proposta ainda não foi aceita pelo co-fundador.

O Caminho foi fundado na Espanha em 1964 e é dedicado à formação religiosa de católicos adultos. Em 13 junho 2003, o Em.mo Cardeal Stanislaw Rylko, presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, entregou aos fundadores do Caminho o decreto da aprovação pontíficia, em anexo com o texto final dos Estatuso.No Brasil, possui um seminário em Brasília e outro em São Paulo (Redemptoris Mater).

Mais uma organismo da Igreja que, talvez, precise de uma reformulação de seus estatutos.

Oremus

et videamus…

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