Direto da Sacristia
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Morreu Comblin

Postado em 27 março 2011por E. Marçal



O teólogo faleceu nesta manhã de domingo



Faleceu na manhã de hoje, no interior do Estado da Bahia, onde lecionava um curso numa Comunidade Eclesial de Base, o sacerdote e teólogo José Comblin. Nascido na Bélgica, veio para o Brasil como “fidei donum” em 1958, como resposta ao pedido do Papa Pio XII dirigido aos bispos do mundo inteiro que enviassem sacerdotes à América Latina para combater a iminência do comunismo que certamente aqui ganharia força. Nos Estados de Pernambuco e Paraíba participou da formação dos seminaristas de várias dioceses. Em virtude de suas ideias, foi expulso do Brasil em 1971, e do Chile, em 1980, por Pinochet.

Sua vasta obra teológica, embora admirada por muitos, é polêmica. Em entrevista a Religion Digital em 05 janeiro deste ano, teceu várias críticas que demonstram o seu pensamento em diversos assuntos. Sobre a geração de padres progressistas e a reprovação pontifícia do pensamento destes, ele, em tom irônico, diz que “a Deus se pode criticar, mas não ao Papa. O Papa é mais divino do que Deus”. Desprezando a doutrina social da Igreja e as atitudes de tantos Pontífices, ele afirma que aquela “abandonou as classes populares”. Sobre as nomeações episcopais de sacerdotes adscritos na Prelazia do Opus Dei, Comblin acredita que “onde há um dos bispos do Opus Dei no episcopado, intimida a todos os demais”. Ainda segundo ele, foi o “grande poder” da Prelazia que elegeu a João Paulo II e a Bento XVI, e elegerá o próximo papa. Ele ainda criticou a beatificação de João Paulo II, cujo pontificado classificou como “catastrófico”. Sobre São Josemaria Escrivá, garante que sua canonização possibilita que todos saibam “que se pode ser santo sem possuir virtude alguma”, e “que era um capitalista, rico e capaz de criar gente totalmente subordinada, soldados com mentalidade de soldado, estes são todos homens deformados psicologicamente, como são todos os futuros ditatores”. Foi um dos grandes expoentes da Teologia da Libertação.

Admite-se como natural a causa mortis, sabendo que era paciente de problemas cardíacos.

Que Deus pese o bem que ele fez ou deixou de fazer. Pese a doutrina que ele ensinou, se fortaleceu ou arruinou a fé de muitas pessoas. Pese a seriedade de sua obediência à Igreja e aos Sumos Pontífices. Por fim, que Deus tenha misericórdia de sua alma.


Requiem aeternam dona eis, Domine,

et lux perpetua luceat eis.


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