Direto da Sacristia
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Ara Dei Christus est!

Postado em 24 agosto 2010por E. Marçal


A explicação teológica atrás da modesta figura de um altar. Ele é o próprio Cristo, onde Cristo se imola, pelas mãos do mesmo Cristo.

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Pausa nos artigos “Sentire cum Ecclesia”, devido às férias de verão na Europa
e, assim, nas Pontifícias Universidades romanas.

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Texto do seminarista Carlos Donato, da Arquidiocese da Paraíba.



Ara Dei Christus est

Missa na forma extraordinária do Rito Romano

Caros leitores deste blog católico, com o título “Introibo ad altare Dei” (Subirei ao altar de Deus) inicio alguns artigos sobre a divina liturgia, nos seus aspectos teológicos e espirituais, pois uma liturgia “teologicizada” sem uma espiritualidade se torna rubricismo, um culto vazio e sem sentido. Teologia e espiritualidade litúrgicas devem sempre andarem de mãos dadas tanto na preparação das celebrações quanto na execução dos divinos mistérios que tem como meta, fundamento e fim Jesus Cristo nos seus mistérios.

Escolhi o tema acima descrito, pois com esta perícope salmódica se iniciam os primeiros ritos da missa na forma extraordinária do Rito Latino, restaurada pelo Santo Padre Bento XVI, gloriosamente Reinante. Antes de oferecer o Divino Sacrifício, tanto o Celebrante, quanto o povo de Deus, reunido sob a sua guia, tomam consciência que sobem ao altar de Deus, a santa montanha, onde não mais será oferecida a vitima animal, mas a única e definitiva vítima, Cristo Jesus; não repetindo o sacrifício cruento, mas atualizando de forma incruenta a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus até que Ele volte. De forma muito bela e teológica, cantamos no hino pascal “Filiae et Filii”: “Atualizamos com vinho e com pão o memorial de uma ceia pascal a ser por nos renovado no altar. Aleluia!”

É no altar, na ara sacrifical, que a mística Esposa de Cristo – que é a Igreja – oferece à Divina majestade, unida ao seu místico e divino Esposo, pela ação do Espírito Santo, a Vítima pura, santa e imaculada, pão de vida eterna e cálice de salvação. Sobre o altar, dizia o Venerável Servo de Deus João Paolo II, na encíclica Ecclesia de Eucharistia: “Sobre os nossos altares, céus e terra tocam-se e trocam seus dons, a terra oferece o fruto do seu trabalho, pão e vinho, e os céus, o Redentor Cristo Jesus. Essa salutar realidade acontece todos os dias e milhares de vezes diante dos nossos olhos e sobre os nossos altares, devemos, pois, estarmos atentos ao altar de Deus, aquilo que ali se realiza sobre os olhos da fé. O Aquinate, a propósito, escrevia em seu hino eucarístico: “Ao contemplar-Lo meu coração cai e desfalece!”

Em uma simples pedra de mármore, símbolo de Cristo, a Rocha viva, da qual corre a fonte da vida, se concentra um sublime mistério. Quem teve a oportunidade de participar de uma cerimônia de dedicação de um altar não pode olhar o altar com os mesmos olhos, com os quais o olhava antes do santo rito. Ver o Pontífice Diocesano colocando nele as santas relíquias dos mártires que deram a vida por acreditarem nos Divinos Mistérios, associados ao mistérios pascais de cristo. A santa Unção com o Crisma real e sacerdotal, o incenso de agradável odor sobre ele queimado, a vestição e a iluminação do mesmo: são sinais visíveis de uma realidade infinita e divina.

“Ara Dei Christus est“! É uma bela significativa oração, porque traduz todo o mistério com a maestria sintética da língua latina. Cristo realmente é o altar de Deus sobre o qual foi oferecida a vítima pura, Cristo; por meio do nosso único e eterno sacerdote, Cristo Jesus; que no lagar do altar da cruz deu-nos a salvação. Ao passarmos por tão santa ara, façamos-lhe um inclino sinal de respeito e devoção à Mesa que antecipa, no nosso já ainda – não da história, o banquete único e definitivo nos festins da Jerusalém celeste, nossa mãe.


Carlos Donato é seminarista da Arquidiocese da Paraíba
Residente no Seminário Internacional Sedes Sapientiae
da Prelazia da Santa Cruz e Opus Dei, Roma

Acadêmico de Teologia da

Pontificia Università della Santa Croce

Correspondente e autor de artigos do blog

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