Direto da Sacristia
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Ser conservador nos dias de hoje

Postado em 13 agosto 2010por E. Marçal
Hoje começo os artigos semanais que serão um desabafo sobre os assuntos que julgo serem importantes. Semanalmente, hei de desabafar aqui, confessar o que me causa espanto, surpresa ou admiração. 

Confessionário na Basílica Vaticana
confiado aos Frades Menores




O conservadorismo doutrinal e teológico atual

 

Bento XVI preside Missa “versus Deum
com os membros da Pontíficia Comissão Bíblica
15 abril 2010

Em uma diocese desta Terra de Santa Cruz, eu soube que o clero era visto em duas tendências: uma, conservadora, a outra, progressista. E isso não acontece apenas lá, mas em toda a Igreja. Em nosso tempo, assistimos a um novo movimento litúrgico, que ganhou novo impulso com o nascimento e a aprovação de institutos e associações de fiéis leigos que olham para a Tradição com uma peculiaridade magnífica. Esse movimento litúrgico, que se soma a tantos outros que já existiram e deram novo vigor à vida dos católicos onde eles aconteceram, começou uma nova fase com a promulgação pelo Papa Bento XVI da Carta Apostólica em forma de Motu proprio “Summorum Pontificum”, há três anos. A partir de então, se tornou “moda” dizer que gosta de latim, de missa tridentina e de casula romana. Mas, isso não faz de alguém um conservador.

Primeiramente, não gosto do termo “conservador”. Ou melhor, se existem “conservadores”, evidentemente, existem aqueles que não possuem características para assim se intitularem, os ditos “progressistas”; e isso não é bom. Acredito que os eclesiásticos devem exercer o ministério sacerdotal assim como a Igreja precisa e como prescrevem as normas e não usarem como divisor de águas os – lamentavelmente – modos de exercer o sacerdócio ministerial e se classificarem em aqueles que seguem à risca o que deve ser seguido e os não o fazem por julgarem isso periférico, secundário, em relação à inadiável “solicitude pastoral.” Há quem acredite erroneamente que a fidelidade ao que manda a santa Igreja anula o zelo pelos paroquianos. Ser um sacerdote que corresponda fielmente àquilo que Cristo espera em Sua Igreja, não se encerra unicamente no zelo pelas cerimônias litúrgicas. Também se encerra. Também.

Dia de domingo. Missa Solene da Páscoa da Ressurreição do Senhor. É possível ver a imponente nuvem de perfumado incenso a tomar conta da igreja paroquial. O Celebrante está com uma linda batina feita em uma famosa grife romana, alva e amito de puro linho, cíngulo dourado preciosíssimo, casula romana e barrete preto de tecido chamalote. Tudo aparentemente perfeito, belo e digno para um culto ao Senhor Deus. Todos se assentam, após a leitura do Evangelho, e esperam a homilia do pároco. Por fim, toda a alocução do reverendo se deteve numa páscoa de libertação dos sistemas sociais, das ditaduras opressoras e na permanente luta de classes. Ele falou que Cristo trouxe a libertação política, contra o domínio do Império Romano. Pobre pároco! Fez uma leitura política do cristianismo.

Segundo um reverendo padre, conferencista conhecido, em uma de suas palestras para uma diocese do nosso país, ele falou que nos nossos dias vemos “progressistas” paramentados com alvas de rendas e casulas romanas, mas continua o mesmo discurso político e marxista. Portanto, apenas a atenção e exercício das rubricas do Missal não fazem do sacerdote um fiel à santa Igreja. Ainda não. Para tal fim, sua doutrina deve ser concorde com o infalível Magistério e a sua leitura das Sagradas Páginas deve ser aquela mesma feita pelo Romano Pontífice.

Esse “tradicionalismo de fachada” não só acontece aos sacerdotes. Também é possível percebê-lo nos futuros pastores, os seminaristas. Mas, isso é o assunto do próximo artigo sobre o tema.

Até a próxima!

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