Onde os cristãos esperam a voz do Senhor
As catacumbas, além de receber os corpos dos cristãos santificados com os sacramentos, sediaram as assembleias dominicais quando das perseguições do Império Romano. Hoje, acompanhemos um curto, mas explicado, passeio por cinco das catacumbas, que mostram a glória daqueles que nos precederam na fé e a testemunharam.
Texto do seminarista Carlos Donato, da Arquidiocese da Paraíba.
Retorno às origens
São Sebastião é uma das mais visitadas, seja pelo túmulo do mártires, seja pela memória apostólica de Pedro e Paulo. Nesta catacumba, desce-se a 17 metros, em 3 andares subterraneos, onde estão grandes labirintos onde repousam os corpos dos nossos irmãos na fé. No centro está o lugar onde foi eregido um altar, onde por 300 anos esteve as relíquias de São Sebastião, hoje na basílica sobre as catacumbas. Neste local, após escavações nos anos 30 do século XIX, foi descoberto o local onde durante as grandes perseguições foram levadas as relíquias de São Pedro e de São Paulo, pois lá estariam a salvo da profanação, visto que as catacumbas eram consideradas pelos pagãos como lugar sagrado e não-profanável.
Domitila é a catacumba que se gloria de ter em seu solo uma igreja paleocristã do III século e de guardar as santas reliquias dos martires Nereu e Aquileo. São 3 andares a 15 metros de profudidade – como todas as catacumbas – e algumas partes não-acessíveis e ou não-escavadas.
São Calisto é a maior catacumba – onde estão mais de 500.000 cristãos à espera da ressurreição – com extensão de 5 quilômetros. Encontra-se a cripta dei Papi, onde alguns dos papas do II e do III séculos foram sepultados – todos santos mártires das perseguições dos Césares de Roma. Mais adiante encontra-se Santa Cecília, a mártir que com as mãos – não podendo mais pronunciar as verdades da fé por palavras, o fez pelos gestos dos dedos da esquerda um, na direita três levantados para indicar aos carrascos que acreditava em um só Deus em três Pessoas distintas. No silêncio e na escuridao de uma das ruas do subsolo santo, encontra-se o santo patrono dos coroinhas São Tarcísio; também tem acesso à escada por onde ele descia pra levar a Eucaristia aos refugiados durante as perseguições.
Priscila gloria-se de possuir as primeiras pinturas paleocristãs que representam algumas das verdades de fé professadas pelos nossos irmãos na fé. Entre as mais famosas, a mullher orante que com os braços abertos dirige preces ao Senhor. O profeta Jonas e a baleia, símbolo de Jesus e Sua ressurreição. O banquete eucarístico celebrado por Jesus vestido da toga romana de filósofo, mostrando aos não-cristãos que Jesus é o verdadeiro sábio.
Santa Agnese não é percorrível; somente pode-se visitar algumas partes. Lá está Santa Inês, de onde vem o nome da catacumba, sobre ela está construída a Basílica de Santa Inês.
Nunca as catacumbas tiveram o mesmo sentido da necrópole pagã. Até mesmo no nome vemos a diferença. Necrópole significa cidade dos mortos, local do fim da morte, do abandono do sepulcro. Já os cristãos deram o nome de cemitério, que em grego significa lugar do dormitório, onde repousam os que esperam a beata vinda do Senhor.
Que os mártires e tantos santos naquele solo santo sepultados – eles que nos precederam no sinal da fé – ajudem-nos a sermos bons e corajosos cristãos, no mundo hodierno de anunciar o Evangelho de Cristo.
Carlos Donato
é seminarista da Arquidiocese da ParaíbaResidente no Seminário Internacional Sedes Sapientiae
da Prelazia da Santa Cruz e Opus Dei, Roma
Acadêmico de Teologia da
Pontificia Università della Santa Croce
Correspondente e autor de artigos do blog