Votos pascais
Ao menos para nós cristãos ainda é Páscoa. E por isso que não me lamento tanto pelo considerável atraso com que publico agora as felicitações pascais do “Direto da Sacristia”. Esse é o primeiro motivo: ainda não terminou o Tempo Pascal. Em segundo lugar foi a demora em concluir a gravação; e contra isso surgiram algumas dificuldades nas quatro tentativas que fiz nessas últimas semanas:
Escolhida a fachada da Igreja e do Mosteiro de São Bento em Olinda para figurar como plano de fundo do vídeo, inicialmente eu pensei que a iluminação solar vespertina projetada sobre a mesma fachada era ideal – sombra para mim e luz para o plano de fundo. Contudo, nas 3 vezes que tentei gravar, eu nunca conseguia gravar tudo a tempo, e o sol ia embora mais uma vez. E sem falar na memorização do que eu tinha que falar (eu não tenho um contra-regra apresentando o texto atrás da câmera); e na dicção, que nem sempre era boa; e no vento contra o microfone da câmera (algo que ainda poderá ser confirmado no vídeo a seguir); os simples transeuntes no pátio externo do Mosteiro (que é bem movimentado) ou até mesmo os curiosos que passavam e pensavam que eu era algum repórter de algum grande canal de televisão (o tripé e a câmera HD ajudaram nessa ideia que possivelmente tiveram), e acabavam inibindo este seminarista que lhes fala… Mas, por alguns desses motivos, acho que mereço compreensão por tentar (pela terceira vez) inovar no Blog e gravar um vídeo, e nem ter preparo profissional para isso. Quem sabe se um dia eu não terei, e vocês são pacientes espectadores meus?!
A grande novidade deste vídeo é a participação de Dom Fernando Saburido, Arcebispo de Olinda e Recife, que já conhecia o Blog e de imediato aceitou em nos dirigir algumas palavras sobre este grande tempo que vivemos por mais algumas semanas adiante. Inseri o seu vídeo dentro do que eu gravei, onde contraponho o significado da Páscoa com, como já conhecemos, os erros de alguns magistrados do Rio Grande do Sul e, o mais grave, do que foi decidido há poucas semanas no Supremo Tribunal Federal.
Eis o texto:
Surrexit Christus, spes mea!
Igreja e Mosteiro de São Bento, em Olinda, Pernambuco.
As duas atuais construções datam do século 17 e foram construídas no mesmo lugar onde existiam as anteriores, destruídas pelo ódio dos holandeses. Portanto, o que vemos é um marco, dentre tantos, deixados pelos portugueses que aqui plantaram a fé católica. Somam àquela igreja e ao mosteiro centenas de monumentos, ruas, praças, estabelecimentos, instituições e outros que receberam nome de santos católicos ou termos alusivos à nossa fé. E assim, com poucos mais de 500 anos de cristianismo no Brasil, um quarto da história da Igreja, nos orgulhamos de sermos – segundo dizem – o mais país católico do mundo.
Se estes dados já não correspondiam com tanta veracidade ao exercício autêntico e frequente da fé dos brasileiros católicos, no que depende do esforço de alguns, logo, logo serão extintos até mesmo os mínimos sinais cristãos que permeiam a nossa vida cotidiana.
Há algumas semanas, assistimos com perplexidade como alguns magistrados do Rio Grande do Sul viram como uma ofensa à pretensa laicidade do Estado defendida por eles. Exigiram a retirada dos crucifixos dos tribunais de justiça gaúchos. E conseguiram isso. Bom, até que outros consigam a desconstituição de ato administrativo junto ao Conselho Nacional de Justiça. Desse modo, com atitudes como esta, querem acabar com a história e o legado brasileiros. Sim, pois, como falei no artigo “A Terra de Vera Cruz”, quer acabar com um povo? Acabe com seus símbolos. Mas, há quem diga: ter crucifixo ou outros símbolos cristãos em locais públicos, é dar preferência a um credo religioso. Que me desculpem os que não são católicos, mas aqui primeiro não chegaram aqui judeus e construíram uma sinagoga, aqui não chegaram por primeiro muçulmanos e prestaram culto a Alá, nem pastor algum, nem adepto de religião afro-brasileira, nem budista, nem xintoísta, nem pele-vermelha, nem adorador de Satã, nem muito menos algum ateu e prestou culto à razão. Chegaram por primeiro – como todos nós sabemos!, navegadores portugueses que trouxeram consigo sacerdotes católicos, que aqui fincaram uma cruz, aqui rezaram missa, e aqui difundiram a fé católica, que desde sempre esteve presente na história brasileira e por isso nunca poderá ser esquecida ou perder o seu valor.
E o que dizer de tentar excluir também a frase “Deus seja louvado” das cédulas do Real?! O Estado é laico! Sim, mas não é antirreligioso ou anticlerical.
E agora, nesses últimos dias, que não são os últimos, contudo, de permitir no Brasil tudo o que contraria não só nossa doutrina cristã, mas até mesmo os direitos fundamentais humanos, nesses últimos dias, o Supremo Tribunal Federal, com o voto de 8 ministros dos 11 que compõem a Casa, definiram como penalmente imputável o aborto de fetos diagnosticados como anencéfalos. Quantas crianças não verão a luz da vida! Quantas não terão direito até a respirar, porque não atenderão aos conceitos e às expectativas de estética de uma sociedade secularizada e de pais que não amam seus filhos pelo próprio fato de serem seus. Mesmo diante dos possíveis argumentos sobre a saúde psicológica e corporal da mãe, nada justifica abortar, porque Deus não colocou nenhuma exceção ao mandamento “Não matarás”. Não sei para onde estamos indo, quando vivemos com leis que punem – com razão – quem maltrata animais, mas absolvem quem mata seres humanos segundo as mesmas razões do câncer nazista: eugenia!
Mas Cristo ressuscitado, vencedor naquela cruz, está conosco. É Páscoa, triunfo da vida sobre o poder do inferno. Nesse espírito, ouçamos a mensagem do Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido.
O que nos resta a nossa consciência cristã para não acolhermos leis que desafiam a lei eterna, mesmo sabendo que ainda poderão vir mais como essas decisões de ímpios e estultos magistrados. Agradecemos ao voto dos ministros Cezar Peluso e Ricardo Lewandowski, que se pronunciaram aquém de qualquer ideologia, mas pela defesa incondicional da vida.
Podem tirar-nos os crucifixos, a liberdade religiosa, o direito à vida; podem até mesmo nos tirarem esta vida, como aconteceu a tantas testemunhas de Cristo. Mas, nunca irão nos arrancar a fé e a esperança na justiça divina, porque sabemos que uma outra vida, superior em tudo a esta, nos espera, não por meio de decretos injustos, mas com o alto preço de um Preciosíssimo Sangue, na espera que logo mais não haverá mais uma Cidade de Deus e uma Cidade dos Homens, mas uma só, onde Cristo será tudo em todos.
Feliz Páscoa!
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Direto da Sacristia. Porque a beleza da Igreja ensina!