Cremação sim, naturalismo não!
Bispos italianos permitem a cremação, mas com reservas
Em seu testamento, João Paulo II pediu que fosse sepultado em “terra nua”
A partir de 02 de novembro próximo, Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, entrará em vigor na Itália o novo texto aprovado para as exéquias cristãs. Nestas agora não é mais listado o capítulo “Exéquias na casa do defunto”, presente desde 1974, porque os bispos da Conferência Episcopal Italiana “consideram essa possibilidade estranha aos costumes italianos” e com o risco de “privatização” do rito.
Quando a escolha pela cremação dos corpos aumentou 10% na Itália,
os bispos italianos discutiram a edição de um rito específico para a cerimônia
As cinzas dos corpos cremados devem receber destinação digna,
como exige a dignidade cristã
Mas, a nova edição italiana das cerimônias exequiais reconhece uma prática de tratamento fúnebre dos cadáveres já prevista no Catecismo de 1992: “A Igreja permite a cremação a não ser que esta ponha em causa a fé na ressurreição dos corpos (número 2301)”, e no cânon 1176 do Código de Direito Canônico: “A Igreja recomenda vivamente que se conserve o piedoso costume de sepultar os corpos dos defuntos; mas não proíbe a cremação, a não ser que tenha sido preferida por razões contrárias à doutrina cristã”. Com um aumento de 10% na prática crematória dos cadáveres, o assunto foi discutido na Assembleia de Assis de 2009, e foi concluído que a cremação é permitida, mas as cinzas a que foram reduzidos os corpos não devem ser espalhadas no mar ou em outro lugar na natureza, nem conservadas em casa ou no jardim, ou “em outros lugares do que o cemitério”, que pode dar espaço a “concepções panteístas ou naturalistas”.
A dignidade cristã assumida no Batismo exige um tratamento coerente
com os corpos, em continuidade com a tradição da Igreja
O Cardeal Dziwisz, Arcebispo de Cracóvia, venera os restos mortais
do Papa João Paulo II depositados em um altar lateral da Basílica Vaticana
após a sua beatificação em maio passado
O responsável pela Liturgia da Conferência Episcopal Italiana, Mons. Alceste Catella, explica que “a opção fundamental da cultura cristão é o enterro, mais conveniente com relação à fé na ressurreição”. Mas, adverte, “embora isso não signifique que Deus não seja capaz de ressuscitar das cinzas também…”.