Venda de livros proibida e possível Núncio no Brasil
1. Com informações do Humanitas Unisinos
Cardeal Levada. Ordem dada, ordem obedecida
Uma surpresa de um quase-Index em nossos dias e para quem pensa que o Vaticano não interfere ainda hoje nas publicações vendidas em livrarias católicas:
O metodista argentino Pablo Ferrer.
Seus escritos nem precisam mais de uma condenação explícita da Igreja
Já é condenado ao ser metodista e, entre outras coisas, não crê na transubstanciação
O Cardeal Levada, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, recebeu de católicos conservadores argentinos sobre os livros “Casais e a Sexualidade na comunidade de Corinto”, do pastor metodista argentino Pablo Ferrer e “Sexualidade e Condição Homossexual na Moral Cristã”, do teólogo redentorista espanhol Marciano Vidal, já condenado em 2001 em Teologia Moral – ambos publicados na Argentina pela conhecidíssima Editora San Pablo, no Brasil, Paulus. O livro de Ferrer afirma que as comunidades cristãs primitivas foram espaço de busca e debate; entre os assuntos discutidos, estaria a forma de viver em casal, porque Jesus abriu novas possibilidades. O pastor metodista acredita ainda que “não há um único modelo de família e a Sagrada Família não é o único modelo”, e que foi devido a essas colocações suas que o Vaticano censurou seus livros. O que aconteceu em em 05 de novembro passado, quando o Cardeal Levada ordenou ao superior geral dos Padres e Irmãos Paulinos, o Rev.do Pe. Silvio Sassi, a “remediar o quanto antes a situação, que é causa de confusão entre os fiéis, e informar a este dicastério as medidas que forem adotadas”.
Não precisamos dizer que não faltaram duras respostas à justa censura dos livros. Andrea Hojman, diretora da coleção Trilhas Bíblicas da San Paolo, disse que sentiu “uma mistura de estranheza, dor, absurdo, vergonha” e, em carta de réplica, garantiu que tal decisão da Santa Sé lembra “dos anos de terror e obscuridade que vivemos na Argentina durante a última ditadura cívica-militar-religiosa” e ainda evocou uma conciliação entre as decisões da Igreja e as democracias civis. Ela, porém, esquece-se que a fé não é democrática; nem muito menos o governo da Igreja é democrático, Sra. Hojman.
O redentorista espanhol Marciano Vidal. De teologia duvidosa.
Enquanto que os exemplares dos ditos livros desapareceram das prateleiras da Paulus argentina, segundo a ordem do superior geral, aqui no Brasil o livro de Marciano Vidal está na terceira edição pela Editora Santuário, a mesma que publica a maioria dos documentos da Conferência Episcopal dos Bispos do Brasil. Talvez em terras onde há anos imperam o pensamento de Frei Betto, Leonardo Boff e cia. e que, em busca de renovação e novos adeptos, debandam para a ecoteologia, livros sobre novos modelos de famílias não impressionem muito.
D´Aniello Núncio no Brasil?
2. Segundo o Oblatus, o Governo brasileiro já aprovou o nome do novo Núncio Apostólico no Brasil. Ele seria o Arcebispo Giovanni D´Aniello, de 57 anos, atualmente em missão apostólica no Camboja e na Tailândia. A Nunciatura nos Estados Unidos da América, que tem a tutela das nomeações para 227 circunscrições eclesiásticas, esteve vacante por quase 3 meses; todavia, tudo indica que a Nunciatura no Brasil, para a qual respondem 275 circunscrições e da qual 30 aguardarão nomeações (algumas desde antes, outras, a partir deste ano), mal entrará em seu primeiro mês de vacância (n.e. A nomeação de Dom Lorenzo Baldisseri para a Secretaria da Congregação para os Bispos foi publicada em 11 de janeiro). Aguardemos!
3. Com informações do Humanitas Unisinos
Passou despercebido, mas em 25 de janeiro passado fez 50 anos que o Beato João XXIII convocou 18 cardeais da Cúria Romana para acompanhá-lo a uma cerimônia na Basílica Papal de São Paulo Fora-dos-muros, onde 1892 anos antes São Paulo fora martirizado. Lá, diante da surpresa de alguns, que o haviam eleito apenas para caráter interino e descansarem dos 19 anos movimentadíssimos de Pio XII, o Papa então reinante anunciou que pretendia convocar um Concílio ecumênico. O próprio João XXIII posteriormente disse que “um silêncio devoto e impressionante” reinou na Basílica, ao que ele esperava sugestões e aprovação de sua parte.
Como sempre acontece, e sem querermos fazer eco às perpétuas críticas à Cúria, ela prontamente preparou desde então 10 comissões e 70 documentos para que os Padres Conciliares apenas os aprovassem e, tão rápido quanto vieram a Roma, voltassem para as suas terras. Não foi o que aconteceu de fato: sucederam-se 3 anos de trabalhos, com 4 sessões de 3 meses cada uma, na presença de 2.500 prelados de todo o mundo. E eles plantaram várias sementes em um só lugar, cuja árvore ainda causa discussões contra aqueles que a querem sobreposta às outras que sempre estarão no campo da Igreja.