Assunção de Maria
Texto do seminarista Carlos Donato, da Itália.
Ofício do dia: Solenidade da Assunção da Virgem Maria
A definição do dogma aconteceu no ano santo de 1950, pelo venerável Papa Pio XII. Não sabemos como e quando aconteceu a morte de Maria, festejada muito rápido como “A Dormitio”. É uma solenidade que, correspondendo ao “Die Natalis” dos santos, é considerada a principal festa da Virgem Maria. O dia 15 de agosto recorda a dedicação de uma grande igreja em honra da Virgem Maria em Jerusalém. A Igreja celebra hoje em Maria a realização dos mistérios pascais. E sendo Maria a cheia de Graça, sem nenhuma sombra de pecado, o Pai Eterno quis associá-la a ressurreição do seu Filho Jesus.
* * *
“Apareceu um grande sinal no céu: uma mulher vestida de sol,
com uma coroa de doze estrelas e a lua sobre os seus pés.” (Ap 12)
Celebramos hoje tanto na Igreja do Ocidente quanto do Oriente a festa mariana da Assunção, como chamamos no ocidente; no oriente por sua vez é chamada de “Dormitio”. Trata-se da solenidade da Assunção da Virgem Maria ao céu em corpo e alma. Como primeira entre os remidos a possuir as bem-aventuranças eternas. Podemos dizer que é o cume de todas as graças recebidas pela humilde “Ancilla Domini” que no seu fiat concebeu e deu à luz a salvação do mundo.
A devoção a Maria assunta ao céu em corpo e alma é muito antiga na Igreja, já em Jerusalém nos primeiros séculos se celebrava a dormitio da virgem Maria, perto do Santo Sepulcro onde, segundo a tradição, teria sido sepultado o santíssimo corpo da Mãe de Deus. Muitos são os Padres da Igreja que explicavam este mistério aos seus fiéis. Entre estes se destaca São João Damasceno que desta verdade de fé era grande defensor. Escutemo-lo:
“Aquela que no parto tinha conservado ilesa a sua virgindade, deveria também conservar sem nenhuma corrupção o seu corpo depois da morte. Aquela que tinha portado no seu ventre o criador, feito criança, deveria habitar nos tabernáculos divinos. Aquela que foi dada como esposa ao Pai Eterno, não poderia senão encontrar morada nos lugares celestes. Deve contemplar o seu Filho na gloria, a direita do Pai, ela que o havia visto sobre a cruz, ela que preservada das dores, quando deu a luz, foi traspassada pela espada de dor quando o viu morrer. Era justo que a Mãe de Deus possuísse aquilo que pertence ao Filho, e que fosse honrada por todas as criaturas como Mãe e escrava de Deus.”
Outro autor, São Germano de Constantinopla, pensava que a assunção ao céu do corpo da Virgem Maria Mãe de Deus não somente era conveniente a sua divina maternidade, mas também a especial santidade do seu corpo virginal: “Tu, como foi escrito, és toda esplendor (Sl 44,14); e o teu corpo Virginal e todo santo, todo casto, todo pleno de Deus. Por isto não poderia conhecer a corrupção do sepulcro, mas, mesmo conservando as suas conseqüências naturais, deveria transfigurar-se em luz de incorruptibilidade, entrar em uma existência nova e gloriosa, gozar da plena liberdade e da vida perfeita”.
Da Patrística ao âmbito da tradição, não podemos esquecer-nos que: desde o século II, a Virgem Maria vem apresentada pelos santos padres como a nova Eva, intimamente unida ao novo Adão, se bem que submissa a Ele. Mãe e Filho aparecem sempre associados na luta contra o inimigo infernal; luta que, como era pré-anunciado no proto-evangelho (Gn 3,15), seria concluída com a pleníssima vitoria sobre o pecado e sobre a morte, sobre aqueles inimigos, que o apostolo dos gentios sempre afirma (Rm 5 e 6; 1Cor15, 21-26; 54-57) como a gloriosa ressurreição de Cristo foi parte essencial e sinal conclusivo desta vitoria, assim também por Maria a comum luta se deveria concluir com a glorificação do seu corpo Virginal, segundo a afirmação do apóstolo: “quando este corpo corruptível se vestirá da incorruptibilidade e este corpo mortal da imortalidade, se cumprirá a palavra da escritura: a morte será aprisionada pela vitória. (1Cor 15, 54)
O venerável Papa Pio XII, após consultar o episcopado mundial e os teólogos sobre esta doutrina da assunção, no ano santo de 1950, precisamente no dia 1 de novembro, festa de todos os santos, proclamou “Ex cathedra” o dogma da Assunção de Maria Santíssima aos céus em corpo e alma. Deste modo, usando do poder das chaves e da infalibilidade, o Sucessor de Pedro assim se expressou: “portanto, depois de ter elevado ainda a Deus Onipotente súplicas incessantes, e ter invocado as luzes do Espírito da Verdade, a gloria de Deus Onipotente que volveu a Maria Virgem a sua especial benevolência a honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e vencedor do pecado e da morte, para maior glória da sua augusta Mãe e gloria e exultação de toda a Igreja, pela autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo e dos Santos apóstolos Pedro e Paulo e nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma revelado por Deus que: a Imaculada Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrena, foi assunta a gloria celeste em corpo e alma. Portanto, se alguém, que Deus não permita, ousasse negar ou por duvidas voluntariamente àquilo que por nos está definido, saiba que é está fora da fé divina e católica” (Munificentissimus Deus).
Elevemos a Maria Elevada aos céus pelos coros angélicos as palavras do prefácio da Missa hodierna: hoje, ó Virgem Maria, mãe de Cristo e Senhor nosso fostes elevada à glória dos céus. Em ti, primícias e imagem da Igreja, foi revelado o cumprimento do mistério da salvação e resplende a nós, teu povo, peregrino sobre a terra, um sinal de consolação e de segura esperança. O Criador, ó Maria não desejou que conheceste a corrupção do sepulcro porque gerastes o Senhor da vida. Nós te suplicamos Maria, que, depois deste nosso exílio terrestre, gemendo sobre o peso dos nossos pecados, nos mostres tu, ó alegria de Jerusalém e glória do nosso povo, teu Filho Bendito Jesus, nossa única esperança de salvação. Amém.