Direto da Sacristia
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Bento XVI restitui mosteiro a beneditinos italianos

Postado em 12 agosto 2011por E. Marçal

Com informações da Sala de Imprensa da Santa Sé

Na semana passada, a Santa Sé emitiu um comunicado que pôs fim a uma controvérsia que envolveu os monges beneditinos de Praglia e a diocese croata de Porec e Pula.

No século XVIII, os beneditinos de Praglia fundaram um mosteiro em Dajla, que foi confiscado pelas autoridades comunistas e restituído, após a Segunda Guerra Mundial, à diocese de Porec e Pula. Aqui começou a disputa: em 2004, os monges reclamaram a posse do Mosteiro croata, que foi negada pelas autoridades daquele país, segundo as quais a Abadia de Praglia já havia sido indenizada com a soma de 878 mil euros (em valores atuais) pelo Estado italiano. Apesar disto, os monges, que em 2006 pediram à diocese de Porec e Pula uma indenização de 30 milhões de euros, recorreram ao Santo Padre que, em 2008, constituiu uma Comissão Cardinalícia para tratar do assunto.

Mons. Ivan Milovan, Bispo de Porec e Pula,
teve sua autoridade episcopal interditada por alguns instantes

Por fim, a Comissão, com decisão ratificada pelo Papa Bento XVI, ordenou que o Mosteiro croata fosse devolvido aos monges de Praglia e que a diocese de Porec pagasse a eles uma indenização de 6 milhões de euros. Daqui começou outro problema: o Bispo, Mons. Ivan Milovan, recusou a assinar este acordo por argumentar que sua diocese faliria com o pagamento da soma. Diante disto, o Santo Padre tomou uma decisão incomum: suspendeu o dito Bispo de suas funções como Ordinário da diocese, e nomeou seu Comissário “ad actum” S.E.R. Mons. Santos Abril y Castello, Vice-carmelengo da Santa Igreja e outrora Núncio na Iuguslávia; ou seja, o Mons. Abril y Castello foi Bispo da Diocese de Porec por “alguns instantes”, o tempo necessário para assinar como Ordinário o acordo com os beneditinos italianos, função que cessou logo após o ato.

Dom Abril y Castello, Arcebispo titular de Tamada,
Vice-carmelengo da Santa Igreja
Comissário pontifício “ad actum

Muitos protestaram contra a decisão, alegando principalmente contra o Cardeal-Secretário de Estado Tarcisio Bertone o desprezo pelos tratados internacionais (segundo os quais o Mosteiro sempre pertenceu à Croácia, tendo em vista a nova divisão política dos países) e a situação crítica em que pôs a Diocese. Na capital Zagreb, o Núncia na Croácia deveria ser convocado pelo Ministério para Assuntos Exteriores. No mesmo dia do comunicado, o Embaixador da Croácia na Santa Sé voltou a Roma e foi recebido pelo Cardeal Bertone.

O comunicado da Santa Sé, datado de 02 agosto, frisou que a referida questão “é de natureza propriamente eclesiástica”, apesar de ter sido explorada como uma [questão] política e demagógica. Ainda, o único desejo da decisão “é exclusivamente restabelecer a justiça dentro da Igreja”, apesar de ser apenas uma compensação de um dos envolvidos.

A verdade é que Bento XVI mostrou que sabe o que fazer (e o faz, se for necessário) quando sabe o que é bem para a Igreja, mas alguém o impede de levar adiante sua decisão.

Que Deus continue auxiliando seu Vigário na terra e que nos faça mais obedientes.

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