Direto da Sacristia
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“Como celebraremos o nascimento de Maria, templo do Verbo encarnado?”

Postado em 08 setembro 2010por E. Marçal
Texto do seminarista Carlos Donato, da Arquidiocese da Paraíba.

Ofício do dia: Natividade da Santíssima Virgem


Ave Stella Maris

“Hoje é o dia em que Deus começa a pôr em prática o seu plano eterno,
pois era necessário que se construísse a casa, antes que o Rei descesse para habitá-la”.

Segundo Sermão sobre a Natividade da Virgem Maria,
São Pedro Damião

A liturgia de hoje nos faz refletir sobre a figura da Santíssima Virgem Maria, quando celebramos o dia feliz do seu nascimento. Também celebramos o santíssimo Nome de Maria no próximo dia 12. Sobre esse belíssimo nome, com o auxilio dos Padres da Igreja, quero refletir neste artigo, voltado para a celebração destas duas memórias.

“Casa linda, porque, se a Sabedoria constrói uma casa com sete colunas trabalhadas,
este palácio de Maria está alicerçado nos sete dons do Espírito Santo.
Salomão celebrou de modo soleníssimo a inauguração de um templo de pedra.
Como celebraremos o nascimento de Maria, templo do Verbo encarnado?”

Ibdem

O nome Maria, do hebraico Miriam, entre tantas traduções, significa Estrela do Mar. Um belíssimo titulo dado pelos seus genitores à Virgem Santa. Estrela, mas o que significa a estrela?Q ual seu papel na vida dos homens? São duas perguntas que nos ajudarão a refletir neste dia. A estrela é um astro de dimensões grandes, porém, humildemente aparece aos nossos olhos como um simples sinal luminoso. Sinal que quanto mais se faz conhecer, quanto mais se vê a sua grandeza. Assim é a Virgem Maria, imensa em grandeza em graça, mas humilde e escondida na cidadezinha de Nazaré.

“Às trevas do paganismo e à falta de fé dos judeus,
representadas pelo templo de Salomão, sucede o dia luminoso no templo de Maria.
É justo, portanto, cantar este dia e Aquela que nele nasceu.
Mas como poderíamos celebrá-la dignamente?

Ibdem

A estrela servia aos antigos navegadores como sinal seguro que apontava o norte, livrando-os dos naufrágios e das tempestades. Nos idos antigos em que os astros regiam a vida social e exploratória dos homens, a Estrela d’Alva apontava aos que navegavam o norte, era a segurança que, seguindo a direção que indicava, não estariam perdidos no mar. Nós cristãos somos os navegantes que na nau da nossa vida tentamos chegar ao porto seguro da salvação, porém, devemos atravessar o mar bravio da vida, da existência humana, das amarguras e dos sofrimentos. Precisamos chegar ao norte, ao porto, mas o mar é agitado! Como faremo-lo? Olhemos também nós os céus, o firmamento luminoso onde habita Deus, e entre tantos astros celestes encontramos a Estrela D’alva, que aponta seguramente o porto da salvação – esta estrela é a Virgem Maria. Ela, com materno amor, mostra-nos e, mais ainda, prepara o caminho seguro da nossa salvação, cujo porto é Cristo. Invocando a Maria nas noites escuras e tempestuosas da vida, teremos a certeza que ela nos mostrará o caminho rumo ao seu divino Filho.

Maria é a estrela do Mar, o seguro porto aos navegantes. Ao celebrar esta festa, reconhecemos que com a sua concepção imaculada e seu santo nascimento brilhou aos navegantes em exílio a luz da Estrela D’alva da nossa salvação. Todos os dias no Salve Regina, nós voltamo-nos a Maria com estas belas frases: Depois deste exílio, mostrai-nos Jesus, a nóss que gememos e choramos neste vale de lágrimas. A súplica da Igreja à Virgem Maria é que ela nunca nos deixe perder o rumo certo, e que cheguemos ao fim do nosso peregrinar a contemplar o fruto bendito do seu imaculado e virginal ventre – Cristo Jesus.

O nome de Maria, como dizia São Bernardo de Claraval, é o terror dos demônios, é como um exercito em marcha contra o reino de Satanás. Doce e suave, transmisssor de paz e de alegria, é o nome exaltado pelos coros dos anjos que, ao vê-lo contemplam o mais belo fruto da criação. Ela, a glória de Jerusalém, a Cidade Santa! É a nossa alegria, nosso refúgio e nossa honra.

A Virgem Maria nos assista nesta vida e nos acompanhe na hora derradeira, onde esperamos termos a alegria de pronunciar os santíssimos nomes de Jesus e Maria, e, assim, expirar como o roxinol que canta ao por-do-sol. Pois, partindo a nossa pobre lira, cantará sempre o nosso pobre coraçao. Procuremos imitar as suas virtudes, assim teremos a certeza que, depois deste exilio, ela nos levará ao porto, ao norte da nossa vida, Cristo Jesus Senhor e Salvador.

“Podemos narrar as façanhas heróicas de um mártir ou as virtudes de um santo,
porque são humanas. Mas como poderá a palavra mortal, passageira e transitória
exaltar Aquela que deu à luz a Palavra que fica?
Como dizer que o Criador nasce da criatura?”

Ibdem


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