Direto da Sacristia
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Como preparar o cálice na Missa

Postado em 11 abril 2014por E. Marçal

Sabemos que a Liturgia é constituída também de detalhes que fazem significar os maiores gestos que os acompanham ou deles dependem. É como o sopro do Bispo sobre o azeite na confecção do Santo Crisma, a inclinação da cabeça ao nome de Nosso Senhor, a Virgem Maria e o Santo celebrado na ocasião e até mesmo a quase despercebida mas sempre presente gota d’água misturada ao vinho durante o ofertório — tal como Cristo fez na Última Ceia —, que simboliza nossa participação no Sacrifício e a água que saiu do lado direito aberto de Cristo na Cruz. Os teólogos dizem que também aquela gota é sangue após a transubstanciação. Não inoportunamente, pois, tratamos agora da correta preparação do cálice na Missa, seja pelo Celebrante, por um Diácono ou, na ausência deste, por um Concelebrante, se houver. É um apanhado de detalhe que migrou do rito antigo para a forma ordinária da Missa, sempre presente até nas edições típicas anteriores à atual 3ª edição, mas que, na negligência de muitos, não é praticado.

Diácono água vinho cálice Missa
Na imagem, o Diácono depõe o vinho e a água durante o Ofertório da Missa,
enquanto reza a oração “Pelo mistério desta água e deste vinho”

O véu do cálice e a bolsa do corporal

Embora só agora, depois dos corajosos e insistentes esforços de Bento XVI, eles estão aparecendo de volta nas credências das igrejas, o véu do cálice e a bolsa do corporal sempre estiveram presentes na Instrução Geral sobre o Missal Romano de 1970 (ainda em vigor na maior parte do mundo), segundo o número 80, letra c.

O véu relembra-nos aquele pano que cobria o rosto de Moisés para ocultar o brilho que saía depois de falar com Deus e, portanto, envolve de um certo e digno mistério o cálice, de apenas no ofertório os fiéis verem o vaso que logo mais receberá o Preciosíssimo Sangue. Enquanto ele nos lembra o de Moisés e Celebrante o retira antes da consagração, é mais um sinal de que já se passou a Antiga Aliança (o véu) e agora é eterna a Nova (o cálice), instituída para todo o sempre por Cristo.

A bolsa do corporal tem mais um sentido prático do que teológico: serve para guardar aquilo que é o sudário na Missa, recebendo as Sagradas Espécies do Corpo e do Sangue. O rito antigo prescreve que ela seja encostada no altar depois de retirado o corporal.

Eles podem ser de acordo com a cor do ofício litúrgico celebrado ou sempre brancos.

As rubricas

A referida Instrução Geral rubrica que os dons sejam preparados no centro do altar. Esta preparação consiste nas orações sobre eles e somente depois disto fazê-los depostos sobre o corporal. Ou seja, o Celebrante abre o corporal e só põe sobre ele a patena com a hóstia depois de rezar a oração “Bendito sejais, Senhor Deus do universo”, tendo tomado a patena diretamente da copa do cálice.

A preparação do cálice é mais minuciosa, pois o Celebrante não deve esticar o corpo para alcançar as galhetas, mas, segundo o número 103 da mesma Instrução Geral, dirigir-se para o lado direito do altar e nele depor dentro do cálice a porção de vinho e a gota d’água, enquanto diz “Pelo mistério desta água e deste vinho”. Contudo, o Celebrante não deve voltar para o centro do altar já tendo o cálice na mão (o mesmo número é claro também nisto). Antes, ele põe agora o cálice mais uma vez próximo ao corporal, junta as mãos, caminha os poucos passos para o centro do altar e aqui, com a mão direita toma o cálice e sustenta sua base com a direita e, mantendo-o um pouco elevado (não tanto quanto a Elevação após a fórmula da consagração), reza a segunda oração “Bendito sejais, Senhor Deus do universo”.

Assistam ao vídeo e  observem:

Adaptações

Se quem prepara os dons é um Concelebrante ou um Diácono, tudo quanto foi dito é feito, mas esperando que o Celebrante, obviamente, reze as orações próprias e deponha sobre o altar a patena com o pão e o cálice com o vinho, sempre reservando-se ao lado direito e nunca ao centro do altar.

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