Patriarca de Lisboa retrata-se sobre ordenação de mulheres
Postado em 06 julho 2011por E. Marçal
Cardeal lisbonense expressa o pensamento da Igreja
sobre tema já encerrado por João Paulo II
Sua Eminência Cardeal José da Cruz Policarpo
do Título presbiteral de San Antonio in Campo Marzio
Patriarca de Lisboa
Qualquer um já ouviu falar que no fim da vida o ser humano começa a refletir mais sobre tudo que já passou e a velhice torna-se um tempo, talvez, de corrigir erros que até então parecidos intransponíveis. Podemos felizmente aplicar isso ao Em.mo Cardeal José da Cruz Policarpo, Patriarca de Lisboa. O descontentamento de muitos expoentes da blogosfera pelo fato de o Santo Padre pedir que ele prolongasse o ministério episcopal por mais dois anos ante o seu pedido de renúncia, foi agravado quando o Patriarca, em entrevista ao boletim da Ordem dos Advogados portuguesa no passado 13 maio, afirmou que não há motivo fundamentalmente teológico para que a ordenação sacerdotal não seja conferida a mulheres; mas estas receberão aquela “quando Deus quiser” (palavras do Patriarca). Ele, por um átino (assim queremos pensar), esqueceu-se que a voz da Igreja, em proclamações relativas à fé, é irrefutavelmente a voz de Deus, ratificada pelo poder das chaves, e esta já tinha em 1994 posto um fim a essa discussão, na Carta Apostólica Ordinatio Sacerdotalis.
Ordenações presbiterais no Vaticano
Felizmente (mais uma vez dizemos), o Eminentíssimo Patriarca lembrou-se de sua missão como Bispo – que já o responsabiliza pela ortodoxa transmissão da fé, agravada ainda mais por ter sido nomeado ao Sacro Colégio dos Cardeais, o que, portanto, convoca-o ainda mais a reafirmar a Tradição da Igreja. Portanto, unido a isso e a outros encargos que só a consciência pessoal conhece, o Patriarcado lisboeta emitiu hoje um comunicado que esclarece a doutrina sobre a ordenação sacerdotal conferida somente a varões. Passando desde o mais básico, como o Novo Testamento, até declarações pessoais dos Papas e até mesmo teologicamente definitivas, o Cardeal Policarpo reconheceu que as reações à entrevista obrigaram-no a “olhar para o tema com mais cuidado”, desconhecendo as últimas declarações do Magistério sobre o assunto. Ele lembrou que, embora Cristo tenha apenas escolhido homens para o sacerdócio ministerial, sempre são “as mulheres que abrem a porta ao Senhor” [Bento XVI, Jesus de Nazaré, II volume]. A diferença de ministérios, que não diminui a dignidade da missão, seria a complementariedade da criação, quando Deus criou homem e mulher.
O Purpurado também esclareceu que a reivindicação do conferimento da ordenação sacerdotal a mulheres surgiu nos países ocidentais com o advento do desejo de igualdade do “poder” e da influência sociais do homem e da mulher, e da redução do sacerdócio cristão ao sacerdócio ministerial.
Cardeal Franc Rodé,
Prefeito emérito da Congregação para a Vida Religiosa,
preside ordenações segundo o antigo Pontifical Romano
O Cardeal explicou-se bem, como também corrigiu-sem, exceto pela frase “a teologia séria” nunca excluiu o fato de ainda deliberar sobre o tema, “na atenção” “à atuação do Espírito Santo” e “na busca da expressão do mistério da Igreja nas realidades novas”. Segundo isso, seria como que o “sacerdócio feminino” fosse uma resposta de Deus às novas realidades do mundo contemporâneo.
Por fim, o Cardeal disse que, na altura de seu jubileu áureo de sacerdócio, seria-lhe “doloroso que as suas” palavras gerassem “confusão em sua adesão à Igreja e à palavra do Santo Padre”. Conclui o comunicado dizendo que tem mostrado a todos “que a comunhão com o Santo Padre é uma atitude absoluta no exercício de” seu “ministério”.
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Rezemos para que muitos Pastores não causem mal à preciosa fé católica com suas atitudes e/ou suas palavras que muitas vezes abafam o que ensina a Igreja e o que diz o Romano Pontífice. E, corrigindo-se, rezemos ainda mais para que o façam apenas no fim de seus dias ou de seu ministério.