Direto da Sacristia
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Dois ósculos no Anel do Pescador

Postado em 12 março 2012por E. Marçal


O Cardeal Pacelli é osculado no seu anel episcopal
por uma devota fiel nos Estados Unidos da América, em 1936

O Catecismo exorta aos fiéis uma profunda veneração e verdadeiro amor para com os Bispos, principalmente para com o Bispo diocesano. E certamente, depois das orações cotidianas que devem ser elevadas por seu ministério, a maior e mais expressiva demonstração desse filial respeito é o ósculo do anel que o Bispo traz no dedo anelar de sua mão direita, símbolo do enlace com a sua diocese, como acreditou Nicolau I. O piedoso costume do ósculo no anel episcopal vem da mesma cerimônia dada aos reis. Uma remota tradição prescreve que o ósculo deve ser precedido pela aclamação: Laudetur Iesus Christus (Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo, ao que o Bispo responde: In aeternum (Para sempre seja louvado). Ao beijar piedosamente a insígnia anelar episcopal, não se venera imediatamente a pessoa do Bispo, mas, antes, o seu ministério e sua autoridade dados por Deus e sob os quais estamos cristãmente submetidos.

Anéis episcopais que pertenceram ao Papa Pio XII

Pio XII usando um anel ornado de pedra preciosa, em tradicional posição de bênção

Aspecto do selo papal resultado do desenho
presente em um Anel do Pescador

O Papa Bento XVI restaurou o uso do Anulus Piscatoris entre suas insígnias usadas cotidianamente. Presente na tradição papal desde Clemente IV, em 1265, o Anel do Pescador sempre foi mais usado até 1842 para fechar a correspondência pessoal do Papa. Feito de ouro, dizem que ele é fundido com o ouro do Anel do Papa imediatamente anterior e é quebrado logo após a confirmação da morte do Pontífice, a fim de evitar falsificação de seus documentos. Antes, os Papas usaram cotidianamente anéis ornados com ricas pedras preciosas. Contrariamente, João Paulo II usou durante os seus 26 anos de pontificado um simples anel de face lisa, em forma de cruz.

Anulus Piscatoris

 

O Papa Bento XVI usando o destacado Anel do Pescador

 

Sabemos que o Anel do Pescador é osculado inúmeras vezes. Todos querem ter a alegria de fazer isso. Contudo, dois ósculos feitos nesta semana nos chamaram a atenção: um foi durante a visita de Bento XVI à Paróquia romana de San Giovanni de La Salle. As rubricas do usus antiquor da celebração da Santa Missa indicam que os fiéis, quando comungam da Sagrada Hóstia com o Bispo, devem oscular-lhe o anel logo após receberem em sua boca a Espécie eucarística. Dada a reforma litúrgica, não é encontrado tal detalhe nas rubricas da Forma Ordinária. Como também, à distância de tantos anos da administração de uma única forma da Santa Missa, poucos são aqueles a quem esse costume foi ensinado e poucos são os que ainda o praticam. Mas, uma senhora presente na Missa papal do último domingo, dia 04, recebeu a Sagrada Comunhão e osculou o anel do Pontífice. No vídeo seguinte, observem o relatado aos 1’48”.

O outro aconteceu na última quarta-feira, dia 07, ao fim da audiência-geral na Praça de São Pedro: o governador do Estado de Minas Gerais, Sua Excelência o Sr. Antônio Anastacia, osculou tão devotamente o anel pontifício que foi praticamente impossível não observar o momento fotografado. Se um estadista beijar o anel de um bispo, em nossos dias de escândalos políticos, já é motivo de felicitá-lo, quanto mais o será com toda essa piedade. E não nos cabe julgar a sua reta ou não intenção, pois seria juízo temerário. Ficamos, portanto, com essa imagem que nos inspira a sempre imitar o gesto. O Sr. Governador ainda presentou o Pontífice com uma imagem de Nossa Senhora da Piedade, Padroeira do Estado mineiro, e o convidou a visitar a Capital. Mas, qual seria o motivo de uma visita pontifícia? Dedicar a moderna igreja catedral, assinada pelo mais-moderno-ainda Oscar Niemeyer, que está em construção? Com informações da agência G1.

O governador Antônio Anastacia piedosamente osculando o anel episcopal do Sucessor de Pedro

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