O azul na Liturgia, por Mons. Guido Marini
Esta não é a primeira vez que discutimos aqui sobre o uso da cor azul nos paramentos litúrgicos. Contudo, acreditamos que é a última sobre se ela ainda configura-se um privilégio ou não dado pelos Papas a algumas ocasiões, como o território espanhol, duas igrejas em Portugal, entre outras. Falamos que é a última vez porque não temos mais dúvidas, pois, mesmo diante da falta de documentos recentes sobre o assunto, acreditamos no que disse Mons. Guido Marini a este que vos fala, Erick Marçal, quando o recebeu na sede do Departamento para as Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice, no primeiro andar do Palácio Apostólico do Vaticano, quarta-feira, 11 de dezembro, quando já era concluída a audiência-geral do Papa Francisco na Praça de São Pedro.
Chegamos, um jesuíta e um amigo portugueses e eu, à sede do Departamento por volta do meio-dia, depois de passarmos por guardas suíços pontifícios no Portão de Bronze. Fomos recebidos por Pe. Ján Dubina, Oficial do Departamento, e com ele aguardamos entrar na sala de Mons. Marini, enquanto, da janela da ante-sala, recebíamos a bênção apostólica dada pelo Pontífice ao fim da audiência-geral. Poucos minutos se passaram ali e eis que Mons. Marini abriu a porta de sua sala e cordialmente nos recebeu.
Mons. Guido Marini simpaticamente conversa durante a nossa visita
e fala-nos sobre sua vocação sacerdotal e o privilégio do azul na Liturgia
© Imagem: Erick Marçal/Direto da Sacristia
Entre as conversas de apresentações nossas e sobre sua vocação e seu trabalho no Vaticano, eu lhe expus a dúvida que ainda paira sobre muitos a respeito da validade do privilégio do azul a alguns territórios: se ainda permanece ou, se não, é possível que universalmente seja usado. A confiança no juízo sobre este assunto e na resposta de Mons. Marini não é apenas pela sua perícia (prática) em Liturgia, mas ainda mais por seu estudo. Pessoas como o Reverendo Monsenhor não apenas executam rubricas litúrgicas porque elas simplesmente existem, mas o fazem sabendo o motivo daquilo. A propósito, ele nos disse que sua vocação nasceu pela Eucaristia. Portanto, toda a sua vida, desde o início até o presente, está ligada à Liturgia.
Um sacerdote espanhol paramentado com casula romana em cor azul,
segundo o privilégio papal dado também ao seu país,
em vista da defesa para a proclamação do dogma da Imaculada Conceição
Atente-se que o azul é previsto pela Liturgia na Espanha unicamente na Solenidade da Imaculada Conceição
circunstância que é vista na foto deste ano
Créditos: Facebook
Mons. Marini explicou que, não existindo documentos recentes sobre o privilégio do azul às situações e locais conhecidos (Espanha, Portugal, Instituto Cristo Rei, entre outros), deve ser observado o direito consuetudinário, ou seja, a continuidade da lei segundo os usos e costumes pautados na legislação mais recente. Em poucas palavras: o azul continua configurando-se um privilégio papal. Notemos que nem mesmo no Vaticano ele é usado. Sob a guia de Mons. Guido Marini, o azul já esteve no galão da casula gótica que Bento XVI usou na Solenidade de Maria, Mãe de Deus em 1º de janeiro de 2010. Contudo, em 08 de setembro de 2007, Bento XVI usou uma casula com cor (entre outras cores) azul no Santuário mariano de Mariazell, mas não sabemos se (unicamente) a cor azul é um privilégio ao Santuário, por ser dedicado à Virgem Maria.
Por fim, é nisto que ainda mais acreditamos neste Direto da Sacristia: o azul nos paramentos litúrgicos ainda é um privilégio papal. Com a confirmação dada por Mons. Guido Marini, o contrário só será considerado mediante uma alteração pelo Papa nas rubricas litúrgicas.