Tradição e Liturgia, por Dom Fernando Guimarães
Dom Fernando Guimarães é religioso redentorista e nasceu na Cidade do Recife (Pernambuco). Após quase 3 décadas trabalhando na Cúria Romana, auxiliando em algumas questões particulares os Papas João Paulo II e Bento XVI, testemunhando a ação do Espírito Santo em tantos assuntos e fatos, mas também julgando situações delicadas como dispensa do ministério sacerdotal, foi nomeado Bispo e assim retornou ao seu país natal com vasta experiência eclesial e grande visão sobre as transformações pelas quais a Igreja passou no longo pontificado do papa polonês e os primeiros passos próprios de Bento XVI em seu papado.
Sua Excelência nos recebeu numa sala do segundo andar do Convento do Carmo do Recife, minutos antes de presidir Missa Pontifical na Basílica do Carmo, por ocasião da titular da igreja e Padroeira secundária da Cidade do Recife, na manhã do dia 16 de julho de 2012. Em vista da data um tanto já distante — ainda mais pelas surpresas na Igreja em 2013 —, alguns pontos de suas respostas devem irrevogavelmente serem contextualizados para não perderem o sentido com que foram falados à época. No mais, suas palavras ainda são atuais e válidas como, por exemplo, a necessidade de uma sólida e definida formação sacerdotal nos seminários e a seriedade do movimento litúrgico iniciado por Bento XVI.
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Vinte e sete anos trabalhando em vários cargos na Cúria Romana lhe conquistaram uma rara experiência e visão sobre importantes assuntos da Igreja, que seriam praticamente impossíveis de adquirir senão estando no coração espiritual e administrativo da Igreja. Depois de ser chefe de gabinete da Congregação para o Clero, ter ensinado o Papa João Paulo II a falar português, e permanecendo consultor da Congregação para a Causa dos Santos, em 2008 foi eleito pelo Papa Bento XVI Bispo de Garanhuns, cargo que até hoje desempenha.
Conversamos com Dom Fernando Guimarães.
1. Excelência, o fato de trabalhar na Cúria da Arquidiocese do Rio de Janeiro contribuiu para a sua indicação como professor de idioma do Papa João Paulo II? Explico-me: o Cardeal Eugênio Sales, recentemente falecido, de quem Vossa Excelência era assessor na década de 80, na época era Arcebispo do Rio de Janeiro e muito próximo ao Pontífice.
Sim, eu trabalhei na Cidade do Rio de Janeiro até o ano 1972 – fui ordenado padre em 1971, na cidade de Campos, no convento dos Redentoristas, Congregação à qual eu pertenço. Dom Eugênio chegou ao Rio em 1971. Um ano depois, eu fui transferido para o Rio de Janeiro e comecei a trabalhar com ele, inicialmente na Pastoral da Juventude e, logo depois, fui assumindo funções na coordenação do secretariado da Pastoral da Arquidiocese e de assessoria pessoal ao Cardeal. Por uma grande afinidade, Dom Eugênio tornou-se para mim mestre de vida, meu pai no sacerdócio, com quem eu aprendi imensamente como se serve à Igreja e como se é padre segundo o coração de Deus. Mas nesta função no Rio de Janeiro, eu tinha muito contato com o então Núncio Apostólico, que era o italiano – de Nápoles, terra de Santo Afonso, nosso fundador – chamado Dom Carmine Rouco. Sempre que Dom Rouco vinha ao Rio de Janeiro – todo mês – normalmente era eu que ia buscá-lo no aeroporto, eu o levava para o Palácio São Joaquim, no Rio, e, portanto, ele me conhecia, conhecia a minha facilidade para algumas línguas. Quando, em 1980, no início do ano, se decidiu a viagem do Papa João Paulo II ao Brasil, em julho – terceira viagem de seu pontificado –, viu-se a necessidade de um padre no Vaticano que pudesse se ocupar da parte concreta da organização dessa viagem. Na época, o Vaticano não possuía padres brasileiros. Havia o Cardeal Agnelo Rossi e havia o então Bispo Dom Lucas Moreira Neves. Não havia padre. Pediram um padre ao Núncio Apostólico. Curiosamente não foi Dom Eugênio que me indicou, foi o Núncio de então. Como eles precisavam de um padre com rapidez e não era possível fazer normalmente as pesquisas que são feitas quando se chama um padre para trabalhar no Vaticano, a chave que serviu para a minha nomeação foi “é o homem de confiança do Cardeal Dom Eugênio”. Dom Eugênio, na época, tinha um grande peso na Cúria Romana e o fato de eu ser de confiança dele, fez com que eu fosse chamado em fevereiro de 1980 para prestar o meu serviço na Secretaria de Estado, preparando a primeira viagem de João Paulo II ao Brasil.
2. O que merece destaque no ensino do português a João Paulo II e o seu aprendizado? Houve nervosismo em ensiná-lo a falar na língua do país de Vossa Excelência e, depois, vê-lo se expressando graças, em muita parte, ao seu trabalho?
João Paulo II beija o chão chegando ao Brasil. São Paulo, 12 de outubro de 1991
Nervosismo eu não digo porque João Paulo II tinha uma grande qualidade de colocar imediatamente a pessoa que se aproximava dele com muita serenidade, com muito afeto, com muita afabilidade. No meu primeiro encontro com o Papa, eu me ajoelhei – eu era um jovem padre – para beijar a sua mão e ele, com aquelas mãos fortes, segurou nos meus dois cotovelos, me levantou do chão e, com o estilo polonês, me beijou nos dois lados. Imediatamente, passou o braço no meu e, batendo, disse: “Vamos almoçar porque eu vou te dar muito trabalho nestes dias”. Então, diante de uma situação dessa, evidentemente se perdia a timidez. Para mim foi uma grande surpresa! Eu fui pego de surpresa. Dois dias depois, eu estava no Vaticano. Com mais dois dias no Vaticano, eu estava sendo recebido pelo Santo Padre e almoçando com ele. Então, para um padre que nunca tinha pensado numa situação dessa, tratou-se realmente de uma grande emoção. Mas confesso que desde o início, com essa atitude do Papa, nos sentíamos em relação a um pai: portanto, sem medo. O ensino do Português se deu praticamente 3 vezes por semana – de fevereiro até julho, quando viemos ao Brasil. Três vezes por semana nos encontrávamos na capela particular do Papa, no seu apartamento, para a celebração da Missa em português. Todas as freiras brasileiras que estavam em Roma naquele período, em pequenos grupos, eram convidadas para a Missa e elas cantavam em português, se faziam as leituras em português. O Santo Padre lia e celebrava em português. Depois da Missa, um rápido encontro com as religiosas para um agradecimento e íamos para o café da manhã. Durante este, trabalhava-se com pequenas fichas e nesses meses poucos eu tentei passar para o Santo Padre o conhecimento básico da língua. Facilitou muito o fato de ele manejava bastante bem o espanhol, porque, como padre jovem, sua tese de Doutorado foi sobre a fé em São João da Cruz. Para a tese de Doutorado, ele teve que aprender o espanhol para ler São João da Cruz no original. Portanto, a partir do espanhol, foi mais fácil trabalhar com ele. Ele tinha uma facilidade enorme para absorver. Naquele período, estava havendo a visita Ad Limina dos Bispos brasileiros. Portanto, durante todo o ano o Papa recebeu os quase 300 Bispos então do Brasil. E eu insistia para que os Bispos falassem com o Santo Padre em português. Num dia, ele brincou comigo, de manhã, dizendo: “Padre Fernando, os Bispos do Brasil não querem que o Papa fale português. E eu disse: “Por que, Santo Padre?”. Ele era muito brincalhão. Ele disse: “Porque os Bispos chegam aqui, falam italiano, falam francês, tem até quem fale polonês! – havia muitos Bispos – Só não falam português! Como eu posso praticar?”. Então, eu avisei o Colégio Pio Brasileiro, dizendo: “Por favor, os Bispos falem português. Se o Papa não entender, ele pergunta”. E, com tudo isso, ele absorveu o português de uma maneira muito rápida. Ele tinha um dom, ele tinha uma facilidade enorme para línguas. Eu às vezes costumo contar esse episódio: num dia, conversando durante o café, eu usei uma palavra – não me lembro mais qual – e o Papa não entendeu. Ele perguntou: “O que quer dizer?”. Eu disse, traduzi em italiano. Dois dias depois, eu voltei e, de repente, o Papa cria uma frase em que usava aquela palavra. Quando ele usou a palavra, de maneira perfeita, própria, ele parou, olhou para mim, franziu os olhos – era a maneira que ele tinha quando queria brincar – e ficou olhando para mim assim com meio sorriso, esperando para ver o que eu ia dizer. Ele não disse nada, disse: “Usei, aprendi”. Então, era uma grandíssima facilidade que o Santo Padre tinha, de modo que foi um aprendizado baseado no essencial, para o manejo da língua. Mas que o Santo Padre conservou depois pelo resto da vida, até os últimos dias da sua vida.
3. Após a primeira viagem apostólica do Papa João Paulo II ao Brasil, Vossa Excelência continuou trabalhando na Secretaria de Estado ou já foi transferido para a Congregação para o Clero?
Após a viagem, eu ainda passei 1 ano e meio na Secretaria de Estado. Eu não era como eles chamam lá de ruolo, era Oficial, eu era contratado por horas. Continuei na Secretaria porque tinha-se que publicar o texto oficial dos discursos, no Acta Apostolica Sedis, que é uma espécie de Diário Oficial do Vaticano. Tinha-se que se responder todas as cartas, os agradecimentos. Eu fiquei ainda praticamente quase 2 anos na Secretaria de Estado, para terminar esse trabalho. Depois disso, eu aproveitei que estava em Roma para fazer o meu Doutorado em Teologia Moral e em Direito Canônico. Não dava para continuar na Secretaria de Estado. Dom Lucas Moreira Neves, então Secretário da Congregação para os Bispos, pediu que eu continuasse colaborando na Congregação para os Bispos, estudando os relatórios das visitas Ad Limina do episcopado brasileiro. Fiquei mais alguns anos até terminar o Doutorado, quando então passei para a Congregação para o Clero, aí já como Oficial da própria Congregação, onde fiquei até a minha eleição ao episcopado, em 2008.
4. Com quais casos, que podem ser mencionados, Vossa Excelência lidou ou tomou conhecimento na Congregação para o Clero?
A Congregação para o Clero funciona como um ministério de Estado que ajuda o Santo Padre em tudo aquilo que diz respeito aos padres – ministério, vida, disciplina –, às paróquias, aos santuários e aos bens patrimoniais que pertencem à Igreja, bens de dioceses e paróquias. Portanto, ao longo desses anos, muitas questões disciplinares. Então, nesse sentido o meu trabalho bastante perto com o Cardeal Ratzinger, porque por parte da Congregação para o Clero acompanhei também com ele, que então presidia a Congregação para a Doutrina da Fé, toda a dolorosa questão da pedofilia, inicialmente nos países de língua inglesa, na época. Tratei, já como responsável pelo setor da Congregação, a nova constituição jurídica do Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, no México. Também a nova constituição jurídica do Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Portugal. E, nos últimos anos, quando o Papa Bento XVI passou para a Congregação para o Clero a questão das dispensas dos padres, eu fiquei encarregado também desse setor. Então, tratei de todos os casos de abandono de sacerdócio no mundo inteiro, que é uma competência exclusiva, que diz respeito às Igrejas Orientais e Ocidentais de todos os continentes. Tratei, portanto, nos últimos anos da situação das crises sacerdotais e dos abandonos.
Muitas ultimamente?
Têm diminuído ao passar dos anos. Aliás, as estatísticas se encontram todas no site da Congregação para o Clero: www.clerus.org. Nós temos lá um setor de estatística, onde todas as estatísticas são apresentadas de maneira muito clara, de maneira muito aberta. O número tem diminuído nos últimos anos ou, estatisticamente, tem aumentado o número de ordenações sacerdotais dos padres diocesanos, enquanto que, infelizmente, no clero religioso continua ainda a queda estatística, que é bastante acentuada, embora em um ou outro lugar do mundo já se nota uma pequena recuperação. No clero diocesano, essa recuperação, com raríssimas exceções – que eu costumo chamar “alguns buracos negros” – o centro da Europa, os Estados Unidos, mas que agora parece estar revertendo a situação. Mas no resto do mundo, o número do clero diocesano tem aumentado, o que significa que, numa projeção estatística para os próximos anos, a médio prazo, teremos, evidentemente diminuindo o número de mortes e de abandonos, aumentando o número de ordenações, uma baixa na idade média do clero, em geral, e também o número dos padres que são ordenados daqui a alguns anos será superior ao número dos padres que morrem e que abandonam. É a nossa esperança e a necessidade dos Bispos trabalharem com entusiasmo, com coragem, com audácia na pastoral vocacional nas próprias dioceses.
5. Vossa Excelência, vivendo no Brasil até o ano de 1980, viu de perto as desastrosas consequências provocadas por quem entendeu mal o Concílio Vaticano II e o aplicou segundo suas erradas concepções: uma crise religiosa e relativismo tanto por parte dos leigos quanto do considerável parte do clero. O que fez com que nascesse uma nova, embora ainda pouco numerosa, geração de padres e bispos, não só no Brasil, mas em toda a Igreja? Corre-se o risco de alguns deles serem apenas envolvidos de vaidade ou levados por uma “moda”?
Em primeiro lugar, o que contribui sempre para que a Igreja supere suas crises é a ação do Espírito Santo. A Igreja é divina na sua instituição e na sua essência, embora formada por seres humanos e, portanto, falíveis. Esta oposição entre o lado humano da Igreja e a sua realidade divina existe desde o primeiro século. Quando lemos a História da Igreja, ao longo dos séculos, sempre percebemos esses altos e baixos. Evidentemente, após o Concílio Vaticano II – Concílio legítimo da Igreja, convocado pela assistência do Espírito Santo, mas um Concílio que quis ser pastoral e não necessariamente dogmático, tudo aquilo que foi estudado – a sua interpretação gerou evidentemente alguns abusos que se espalharam. Hoje, depois de 50 anos, estamos agora retomando a celebração do Concílio Vaticano II com o Ano da Fé, que é uma ocasião especial que o Papa [então Bento XVI] está proporcionando para que retomemos o legítimo Concílio Vaticano II. Fala-se de um “espírito”… não existe um “espírito”! Existe o Vaticano II! O que os Padres votaram e ensinaram e é este texto que nós devemos retomar, meditar, estudar, aprofundar e viver a prática. Portanto, eu creio que a própria História, o próprio desenvolvimento dessa História e a assistência do Espírito Santo foram levando a uma reconsideração, não para negar, mas para purificar esta geração nova que não viveu a passagem do antigo para a renovação – é uma geração menos imbuída de preconceito. No meu tempo de professor, quando dava aula de Teologia, podia perceber isto: como eles descobrem admirados a riqueza tanto do texto do Concílio Vaticano II, como dos Concílios anteriores e do Magistério da Igreja. Uma função providencial de Bento XVI tem sido essa, é lembrar que o Concílio deve ser lido e vivido em continuidade com a toda a Tradição da Igreja. A Igreja não nasceu no Vaticano II. O Vaticano II é uma etapa dessa Igreja. A Igreja nasceu do coração aberto de Cristo na cruz. É para isto que nós temos que voltar.
6. Sendo muito próximo de padres e fiéis liturgicamente sensíveis ao imenso tesouro espiritual do rito antigo, Vossa Excelência percebe a impressionante e irreprimível ascensão da busca por aquilo que nunca deixou próprio do culto católico: beleza, sobriedade e sacralidade, e em latim e tudo aquilo que podemos ver também na missa tridentina. Como pode ser explicado esse fenômeno, tão recente, mas tão forte? Processo natural após anos difíceis ou resultado do esforço de muitos?
Bento XVI abençoa a todos com o Evangeliário
Missa da Noite de Natal, 24 de dezembro de 2012
Mais uma vez, eu creio que é a ação do Espírito Santo, presente na Igreja. Em segundo lugar, é uma reação natural do povo, a alma essencialmente católica, uma reação aos inumeráveis e absurdos abusos que se cometem por aí afora, em nome de uma falsa reforma litúrgica e esvaziaram a liturgia romana da sua riqueza, como você mencionava. Em terceiro lugar, é a ação extraordinária de poucos grupos que entraram nesta luta, nesse esforço para salvaguardar o patrimônio da Igreja, como foi reconhecido já pelo Papa João Paulo II e atualmente pelo Papa Bento XVI. O Motu Proprio Summorum Pontificum, no qual o Papa abriu a possibilidade, o direito dos padres e fiéis de terem também a Missa celebrada segundo o rito que durante 2 mil anos foi o rito da Igreja Católica, está garantindo, ao meu ver, uma nova visão, uma nova perspectiva deformação na Liturgia. Eu diria que não se trata de uma volta nostálgica ao passado, não se trata – como pretendem alguns muito mal informados – de uma abertura do “museu”, mas se trata de perceber a alma católica da Liturgia. Eu creio na intenção do Papa Bento XVI: as duas formas – a forma ordinária e a forma extraordinária – vão se ajudar mutuamente. É a experiência que eu tenho com padres jovens, por exemplo, que não aprenderam latim, não conhecem a forma extraordinária, mas quando vão fazer retiro, por exemplo, na Administração Apostólica, em Campos; padres que vão fazer retiro em algumas abadias beneditinas da França – eu conheço bem – que conservam o rito antigo; padres meus, da minha Diocese, que participaram desses encontros sobre o rito, que após assistirem à celebração da Missa, disseram: “Dom Fernando, eu aprendi a celebrar melhor no nosso rito ordinário”. Eu creio que isto está contribuindo e vai contribuir muito, apesar de todas as resistências que ainda existem. Essas resistências vão cair.
7. Em novos tempos, onde discursos de fé manipulada, politizada e recheada de marxismo já não convencem e não respondem à realidade e aos anseios dos fiéis, qual o futuro da Igreja e as diretrizes mais eficazes para que nem os fiéis se sintam abandonados, nem haja sacerdotes sem uma identidade que lhes é própria, como no passado?
Seminaristas reunidos na Capela Principal do Seminário Maior Romano
Visita de Bento XVI por ocasião da Festa de Nossa Senhora da Confiança, 12 de fevereiro de 2010
© Imagem: Alessia Pierdomenico
Veja: quando o Santo Padre São Pio X tornou-se Papa, uma das primeiras preocupações dele – e é um trabalho extraordinário, eu vi teses doutorais e livros publicados sobre isso – foi a reforma dos seminários. Eu creio que um trabalho essencial no momento é a formação da nova geração de padres. Formação integral, formação explícita para o padre que a Igreja precisa e que a Igreja quer! A superação do subjetivismo para uma redescoberta alegre e feliz da grande disciplina da Igreja. Portanto, o investimento na formação é essencial. A promoção do laicato como está sendo feita, na medida em que esses leigos engajados encontram padres que são autênticos pastores segundo o coração de Deus: a comunidade inteira cresce! Em terceiro lugar, o cuidado com a Liturgia, que também o Santo Padre Bento XVI tem dado um exemplo extraordinário, tem atraído e arrastado com seu exemplo. Eu creio que estamos vivendo um momento de graça na Igreja. Levará tempo sim: todas as grandes mudanças, sobretudo as mudanças profundas, elas são feitas também com o passar do tempo. Mas o caminho hoje é um caminho irreversível e claro: todas as ideologias, todas as vãs preocupações até então – por você mencionadas – hoje elas se esvanecem como fumo, poucas pessoas ainda perseguem esse tipo de coisa. A própria história comprovou! Eu creio que a Igreja é chamada a retomar com entusiasmo, com fé a sua identidade.
8. Sabemos que a Igreja nunca esteve livre de desafios, até mesmo em seu seio, entre aqueles que deveriam ser mais fiéis a Ele. Porém, quais são os sinais de esperança que vemos hoje, de que a Igreja não se esquece do que é, de sacerdotes que não se esquecem do que são, do culto do Senhor, da cura dos fiéis e da assistência espiritual e humana, enfim, tudo o que é próprio daqueles que decidiram por seguir a vocação sacerdotal?
Eu creio que esse blog é um dos sinais de esperança mostrando que uma nova geração está surgindo na Igreja. Na grande Festa do Carmo do Recife – é a segunda vez que tenho o privilégio, a graça de presidir o Pontifical das 10 horas – a quantidade de jovens religiosos que vemos, a fé do povo simples, essa fé profunda que nós encontramos ainda em tanta gente, apesar de todos os problemas que a Igreja enfrenta, são sinais que um tempo novo está sendo gerado. E eu só posso pedir que Maria Santíssima ajude, como Mãe, esta nova caminhada da Igreja.
Agradecemos a Vossa Excelência essas palavras, nas quais foi possível descobrirmos o seu trabalho no Vaticano, a sua contribuição e agora, como Bispo de Garanhuns, com mais instrumentos para ajudar para o bem da Igreja. E pedimos que suas orações nos coloque, como também colocaremos Vossa Excelência, que daqui a pouco – como foi falado – celebrará um solene Pontifical em honra de Nossa Senhora do Carmo. E também rezaremos pela passagem do seu aniversário de ordenação presbiteral, agora em agosto, para que Deus sempre o torne mais fiel a essa Igreja à qual o senhor se consagrou e que possa ajudar ainda mais os fiéis a serem conduzidos a Cristo e a ajuda a sua Diocese também.
Eu agradeço de coração e desejo que todos possam viver a alegria da fé, nesta Ano da Fé que estamos para iniciar. Abençoe-vos o Deus Todo-Poderoso Pai, Filho e Espírito Santo.