Pode-se fazer procissão eucarística dentro da igreja?
Não é raro vermos o ostensório, no centro do qual figura a hóstia consagrada, nas mãos do Celebrante, enquanto cantam expressando necessidades ou pedindo milagres. Em alguns lugares, a igreja também tem as luzes apagadas, de modo a deixar mais intimista e particular o rito, que não encontramos em qualquer livro litúrgico. O Celebrante caminha entre as pessoas, com o ostensório inclinado ao alcance delas, que choram, passando as mãos, entre as quais frequentemente têm fotografias ou outros objetos pessoais.
Segundo a Congregação para o Culto Divino,
a trasladação do Santíssimo Sacramento não é, de fato, uma procissão
Imagem: Canção Nova Roma
O culto eucarístico, assim, tornou-se um espetáculo, não claramente para a divina majestade a Quem é dirigido, mas uma interpretação da anunciada e acreditada proximidade de Jesus em nossa vida e como demonstramos o nosso amor por Ele: o ostensório é tateado ou apresentado a fotografias, como um meio de obter o que se pede na oração. Dizem que assim as pessoas “sentem” a Deus.
Mas, perguntada sobre isso em 1975:
É permitido realizar a procissão do Santíssimo Sacramento dentro dos limites da igreja?
A Congregação para o Culto Divino respondeu do seguinte modo:
R. Não, para aqueles lugares que pretendem estabelecer o costume de realizar, às vezes, procissões dentro da igreja. O rito “da Sagrada Comunhão e do culto do mistério eucarístico fora da Missa” não se refere expressadamente sobre isso. Mas quando trata-se da procissão do Santíssimo Sacramento para aqueles que a desejam “pelas ruas” (n. 101), “de uma a outra igreja” (n. 106), com “as ruas e avenidas decoradas” (n. 104), estas são feitas [n.e. porque são previstas]. Porém, não são verdadeiras “procissões” aquelas feitas dentro dos limites da igreja. Esta resposta negativa não se aplica ao caso da Missa vespertina da Quinta-feira “Na Ceia do Senhor”, após a qual não existe “procissão”, mas apenas a solene trasladação do Santíssimo Sacramento ao lugar da reposição.
O Papa Francisco durante a procissão de Corpus Christi,
entre as Basílicas do Latrão e de Santa Maria Maior,
em 30 de maio de 2013
Imagem: Nicola Facciolini
Por outro lado, o acima mencionado Rito, que é vivamente recomendado para a procissão na Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, diz claramente: “Onde a procissão não pode acontecer, para que haja uma celebração pública para toda a cidade ou suas partes consideráveis, convém que seja na igreja catedral ou outros lugares adequados. Que seja feita ou com a celebração da Missa ou com a adoração ao Santíssimo Sacramento com leituras das Sagradas Escrituras, cânticos, homilia e tempo de meditação”.
Fonte: Notitiae, edição n. 11, resposta n. 64, ano de 1975.