Subito, veramente subito
Rápido, verdadeiramente rápido
João Paulo II será elevado à glória dos altares
Papa João Paulo II
de férula papal na mão e ajoelhado diante da Porta Santa
na abertura do Ano Mariano em 1988
Já em suas exéquias papais, fiéis pediam “santo subito“. Pouco mais de um mês após sua morte, o Papa Bento XVI dispensou seu processo do prazo mínimo de cinco anos para a abertura da primeira fase, exigido pelas leis canônicas. Segundo a nota da Congregação para a Causa dos Santos, publicada ainda ontem pela Sala de Imprensa da Santa Sé, esse procedimento incomum foi solicitado pela imponente fama de santidade de João Paulo II. Não obstante, foram observadas as disposições canônicas previstas para o processo, em que Bento XVI é muito exigente.
É impossível não mencionar que o processo foi envolto em situações que de longe não favoreciam o seu êxito. Uma agência de notícias há um tempo publicou que dois cardeais da Cúria Romana, que foram próximos ao papa polonês em vida, colocavam-se contra a sua beatificação. O motivo, não o sabemos. Mesmo a Congregação para a Causa dos Santos ter reconhecido a singularidade, antecedência e coralidade da intercessão dirigida ao Servo de Deus João Paulo II e ter emetido uma unânime sentença afirmativa, ainda é possível encontrar na Cúria Romana opiniões divergentes sobre o assunto. Devido ou à ânsia de venerar liturgicamente o amado papa polonês ou à pressão midiática em torno desse acontecimento, muitos especularam que a cerimônia que o beatificaria seria oficiada no dia 02 abril do ano passado, 5º aniversário de seu dies natalis. Agora, tanto os corações dos católicos que ansiosamente esperavam essa notícia, quanto a imaturidade de uma mídia que aprecia a fama e o sensacionalismo, felicitam-se pela assinatura pontifícia do decreto.
O que deu força à mão de Bento para que assinasse sua aprovação foi a confirmação da cura não cientificavelmente explicável da religiosa francesa Ir. Maria Simon-Pierre, que em 2001 foi diagnosticada como padecente do Mal de Parkinson, de que também sofria o pontífice, a quem ela rezou logo após sua morte em 2005 para pedir sua intercessão. Ela diz que escreveu o nome do venerando Papa em um pedaço de papel em junho daquele ano e acordou curada da doença na manhã seguinte e foi capaz de retormar suas atividades como enfermeira na maternidade.
O culto a um beato é restrito ao seu país de origem, a sua diocese ou à ordem religiosa à qual pertencia. Contudo, talvez isso não aconteça a João Paulo II, cuja beatificação foi marcada para o dia 01 maio, Domingo da Divina Misericórdia, festa litúrgica que ele mesmo instituiu no segundo domingo de Páscoa e nas vésperas do qual veio a falecer. Bento XVI restaurou a antiga tradição de reservar-se a presidir às cerimônias de canonização, delegando as beatificações a um legado pontifício, normalmente o Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos. Isso se deve para deixar transparecer a universilidade do culto ao novo santo, instituído numa missa presidida pelo Sucessor de Pedro e pastor de toda a Igreja. Ademais, a leitura do decreto de uma beatificação é feita em nome do Papa, mesmo quando este não está presente. Mesmo quando se trata de uma beatificação de um romano, o Papa tem designado ou o seu Vigário para a Cidade de Roma ou o Prefeito da Congregação. Na cerimônia do próximo 01 maio já é notória a sua peculiaridade tanto à pessoa que será beatificada quanto a singularidade do culto, quando a nota da Congregação define que o próprio Santo Padre irá presidir a missa em Roma.
localizado nas Grutas Vaticanas
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No rito, é prescrito que após a leitura do decreto que torna beato o fiel, seja exposta pela primeira vez à veneração uma relíquia do neo-beato. Contudo, o ataúde com o corpo do pontífice não será aberto e permanecerá assim durante toda a missa, após a qual será depositado na capela de São Sebastião, na Basílica Vaticana, onde até agora repousavam os restos mortais do Papa Inocêncio XI.
O dia litúrgico de seu culto apenas será tornado conhecido mediante a leitura do decreto, no ato de beatificação.
Vejam, ao vivo, a afluência de pessoas no túmulo do futuro beato.