Anjo da Guarda do Brasil
Texto do seminarista
Carlos Donato, da Arquidiocese da Paraíba.Uma festa católica na Independência do Brasil
Momento histórico da Independência do Brasil
às margens do rio Ipiranga
1822
A Sagrada Escritura apresenta a realidade do anjo-guardião, seja de uma nação, de uma cidade, e de cada pessoa em particular. Diversas passagens bíblicas ressaltam o trabalho desses espíritos puros, que a misericordiosa providência divina dá-nos como auxilio na nossa vida espiritual. Recordemos o livro de Tobias, onde o anjo Rafael acompanha o jovem Tobias na viagem rumo ao encontro da cura para seu pai.
Infelizmente, no nosso mundo hodierno e materialista, perdeu-se a bela tradição de invocar o anjo da guarda, e mais ainda, até mesmo nasce a dúvida ou a negação da existência desses nossos guardiões. Ainda mais na nossa pátria, que perdeu muito do seu senso religioso, foi tirado do calendário litúrgico próprio a festa do seu santo anjo da guarda – que se tornou em memória facultativa até perder-se e cair no desuso. Para os que têm ciência desta festa, recai o dever de celebrá-la e fazê-la conhecida.
Hoje se fazem as honras ao Estado com as paradas militares, os desfiles que cultuam o deus-Estado laico, que demonstra o poder do seu culto pagão. É justo hastear a bandeira, cantar o hino da Independência e, mais justo e necessario ainda, é agradecer ao único e verdadeiro Deus, que nestas paragens brasílicas, da Terra de Santa Cruz, foi louvado e cultuado por meio do Sacríficio incruento como ato primeiro dos navegadores de Cabral. Com este ato de fé se disse à Trindade Beata que a Terra apenas descoberta pertencia ao Senhor da Vida.
Celebrar a festa da Independência – a festa do nosso Anjo da Guarda – com a Santa Missa, não comporta fazer uma missa-show, na qual, para evocar uma civilidade errônea, hasteia-se a bandeira nacional no início da missa e, nem tão pouco, substitue-se as partes fixas do ordinário pelo nosso hino patrio. Isso é, ao invés de um sacríficio de ação de graças, um sacrilégio em cadeia nacional. Culto cívico e culto nacional possuem momentos, razões e modos diversos, e nao aceitam misturas. A Deus, o que é de Deus e a Cesar, o que é de César – já ensinava o único e bom Mestre.
Título cardinalício desde 1960
Confiada à Congregação do Santíssimo Redentor
onde é venerado um vitral do Santo Anjo da Guarda do Brasil
Isso se deve à generosa contribuição dos católicos brasileiros
para a construção da referida igreja em homenagem ao Papa Leão XIII
Ainda sobre o nosso Anjo da Guarda nacional, creio que alguns não têm conhecimento, de que no coração da Cidade Eterna, ergue-se a paróquia pontifícia de “San Gioacchino ai Prati”, construida pelo orbe católico em açao de graças a Deus pelos 50 anos de sacerdócio do Papa Leão XIII. Na nave lateral, à direita, encontra-se a capela do Brasil, onde ao centro, na ábside da capela, está o belo vitral com o Anjo da Guarda do Brasil que segura nas mãos a espada para proteger a nação brasileira – representada no brasão da republica que ele sustenta. É uma belissima capela, consagrada pelo primeiro cardeal das Américas, Em.mo Dom Joaquim Arcoverde, pernambucano de origem, cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro. Nessa capela da Basilica, hoje à tarde celebrou-se a missa do Santo Anjo da Guarda do Brasil, pedindo que ele guarde e interceda pelo nosso País. Nós que, mesmo estando geograficamente distantes, nos sentimos próximos e filhos da Terra de Santa Cruz.
Vós nos concedestes um anjo que vela sobre a nossa nação,
nós Vos suplicamos que, com o auxílio deste divino guardião,
conservemos a fé, a esperança e a caridade,
vivendo na paz e na concórdia nesta terra de Santa Cruz.
Por nosso Senhor Jesus Cristo Vosso Filho na unidade do Espirito Santo.
Amém.
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Sua Eminência Cardeal Michele Giordano
Arcebispo emérito de Nápoles
do Título presbiteral de San Gioacchino ai Prati in Castello