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Santo do dia: Santo Agostinho, Bispo e Doutor da Igreja
“Pois, Senhor, Vós nos fizestes para Vós;
e inquieto está o nosso coração,
enquanto não repouse em Vós, Senhor”
Aurélio Agostinho nasceu na cidade de Tagaste (13 novembro 354), na época uma província romana ao norte da África, situada na atual Argélia. Filho de pai pagão, Patrício, e mãe católica, Santa Mônica.
Aos onze anos de idade, foi enviado para a escola de Madaura, uma pequena cidade da Numíbia, onde familiarizou-se com a literatura latina, bem com as práticas e crenças pagãs. Nesse período, leu o diálogo Hortensius, de Cícero (hoje perdido), que despertou-lhe o desejo pela filosofia, e passou a ser um seguidor do maniqueísmo, corrente herética gnóstica que afirmava ser o corpo intrensecamente mal e o espírito, intrinsecamente bom.
Aos dezessete anos de idade, seu pai o enviou a Cartago para continuar seus estudos de retórica. Pagão intelectual, desenvolveu uma relação estável com uma mulher e teve um filho, Adeodato. Durante os anos de 373 e 374, ensinou gramática em Tagaste. No ano seguinte, mudou-se para Cartago e foi catedrático de retórica, onde permaneceu por nove anos. Contudo, decepcionado com os seus alunos, em 383, mudou-se para Roma, onde ele acreditava que os melhores e mais brilhantes retóricos ensinavam. No entanto, Agostinho ficou desiludido com a apatia das escolas romanas. Por influência de seus amigos maniqueístas, foi apresentado ao prefeito de Roma que havia solicitado um professor imperial para o tribunal provincial em Milão, cargo nomeado a Agostinho.
Naquela cidade, a sua vida mudaria completamente quando passou a frequentar a catedral para ouvir os sermões do bispo, Santo Ambrósio. Unido a isso, o fato do encontro decepcionante com o expoente da teologia maniqueísta, Fausto, contribuiu para abandonar a seita. Depois de convertido, a Fausto ele dirigiria acusações aos erros maniqueístas que antes seguira. Sua mãe, Mônica, que passara anos rezando por sua conversão ao Cristianismo, passou a viver com ele em Milão. Lá, além de insistir para ele abandonasse a mulher com quem vivia ilegalmente, pedia insistentemente que deixasse seus estudos no movimento cético neoplatônico.
Santo Agostinho, depois de convertido
sempre resistiu às tentações da carne.
Por fim, afastado de sua mulher ilegítima e envolvido numa crise pessoal, ele foi inspirado a ler a epístola de São Paulo aos Romanos (13, 13-14), que exortava a deixar a vida pautada em prazeres temporais, e que procurasse a Cristo. Recebeu o batismo, com seu filho Adeodato, na vigília da Páscoa de 387, das mãos de Santo Ambrósio em Milão. Segundo a tradição, durante a cerimônia, em meio ao júbilo, o santo Bispo de Milão e Agostinho improvisaram o hino Te Deum, prece de ação de graças cantado em solenes ocasiões.
Em seu regresso à África, sua mãe morreu na cidade portuária de Óstia, na Itália. Logo depois também veio a falecer seu filho, deixando-o sozinho, sem família. Em África, vendeu seu patrimônio e deu seu dinheiro aos pobres. A única coisa com que ele ficou foi a casa da família, onde instalou uma comunidade monástica para si e um grupo de amigos. Escreveu uma Regra para seu mosteiro que leva o seu nome. Hoje, a família agostiniana é constituída, entre outros, pelos membros da Ordem dos Cônegos Regrantes de Santo Agostinho e pelas Cônegas de Santo Agostinho.
Em 391, Agostinho foi ordenado sacerdote em Hipona (atual Annaba, na Argélia). Em 396, foi eleito Bispo coadjutor (auxiliar, com direito à sucessão no cargo após a renúncia do bispo), e pouco depois sucedeu e permaneceu como Bispo de Hipona, até o ano de 430, quando faleceu. Passou a residir em sua residência episcopal, mas continuou a viver como monge. Diariamente celebra missas, profere até duas pregações, leciona catequeses, administra bens temporais, intermedia questões de justiça, e atende aos pobres e orfãos etc. Ele aprofundou o conceito de pecado original, da graça divina e da salvação. Martinho Lutero, monge agostiniano alemão e promotor da Reforma Protestante, leu inúmeras vezes os tratados agostinianos sobre a graça e neles – dizem – inspirou-se para a formulação de sua doutrina. Escreveu diversas obras, refutando as heresias e os erros teológicos de seu tempo. Em sua obra, “Cidade de Deus”, desenvolveu o conceito de Igreja como realidade espiritual de Deus, distinta da cidade material do homem.
Pouco antes de sua morte, os vândalos – aliados do arianismo – invadiram a África romana. Quando Hipona foi sitiada, Agostinho adoeceu; mas não muito tempo depois, os vândalos levantaram cerco. Contudo, depois voltaram e queimaram a cidade; apenas a catedral de Agostinho e a biblioteca ficaram a salvo.
Sua autobiografica, Confissões, tornou-se um clássico tanto da teologia cristã, quanto da literatura mundial.
Desde tempos imemoriais, é venerado pelos católicos. Em 1268, foi declarado Doutor da Igreja, em virtudes de seus escritos, dos quais destacam-se homilias, tratados dogmáticos – preciosidades da apologia e teologia cristãos.
Desde 718, quando o rei lombardo Liutprando trouxe seus restos mortais de Sardenha a Pávia, seus restos mortais são mantidos na Basílica de São Pedro in Ciel d´Oro.
ó Beleza sempre nova, muito tarde vos amei!
Vós chamastes e gritastes, e rompestes-me a surdez!”