Começam os funerais de Bento XVI
Na solene sobriedade, aos poucos vão tomando forma os funerais do Papa emérito Bento XVI, que morreu aos 95 anos, possivelmente, por causas naturais da velhice. Essa simplicidade foi um pedido dele próprio, segundo Matteo Bruni, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé. A primeira parte acontece no Mosteiro Mater Ecclesiae, de modo privado, sem orações públicas, mas em caráter pessoal.
Assim, após a Missa da Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, presidida pelo Papa Francisco e celebrada pelo Cardeal Parolin na Basílica de São Pedro, cardeais, bispos, religiosos e também funcionários leigos do Vaticano começaram a se dirigir ao Mosteiro, e, na capela, o corpo de Bento XVI já estava preparado para as homenagens e os demais ritos destes próximos cinco dias:
Ele foi acomodado sobre almofadas, numa plataforma não muito alta, diante do altar, dando as costas para este. Tem uma mitra simples de seda branca, contornata em cor dourada; não porta o pálio pastoral pontifício em volta do pescoço porque já não governava a Igreja Universal (possivelmente, a insígnia foi dobrada, guardada num depósito, e é o que podemos ver abaixo do travesseiro sob a sua cabeça); com amito, alva e uma casula gótica vermelha, a cor de luto papal; na mão direita leva um anel de cor prateada, simples, que não é o anel do modelo conciliar dado por São Paulo VI aos Padres na conclusão do Vaticano II, nem muito menos é o Anel do Pescador, do qual foi privado após a sua renúncia ao ministério petrino; entre as mãos tem um rosário e uma cruz escura; do seu lado esquerdo não leva o báculo papal, como São João Paulo II, conforme prevê o Cerimonial dos Bispos; por fim, usa sapatos simples pretos, diferentes dos múleos vermelhos do seu pontificado e também das sandálias de couro que costumou usar nos últimos anos.
Vemos, portanto, sinais tanto que evidenciam algo da dignidade papal, quanto também sinais que demonstram que ele já não era o papa de governo.
Entre o altar e o lado esquerdo do corpo está acesa uma vela de dimensões médias, como sinal da ressurreição de Cristo.
O corpo foi submetido a embalsamento para se manter nestes cinco dias de funerais. O seu rosto e as suas mãos demonstram não somente o peso da idade, mas também o sofrimento das limitações físicas e que a crise de saúde causaram.
A vigília do corpo no Mosteiro seguirá até a metade da manhã desta segunda-feira, 02, até que ele seja transladado à Basílica Vaticana para receber as homenagens e orações públicas. Ainda não foi esclarecido se a transferência será discreto ou em procissão.