Direto da Sacristia
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Novo filme sobre o Papado

Postado em 18 abril 2011por E. Marçal

Santa timidez



Na tarde deste domingo, eu estava “zapeando” os sites incansavelmente à prova de novas notícias sobre a Igreja. Até que, em algum que eu não lembro, soube do lançamento de um filme um tanto que peculiar. Conhecemos tantos que retratam a história da Igreja, desde momentos tão especulares como a eleição de um papa, passando pela tentativa de mostrar a vida do Pontífice. Nesta categoria, cito “Sandálias de um pescador” e “João XXIII: O Papa da Paz”. Contudo, nem todos aplaudem a Igreja e, infelizmente, descarregam contra ela um ódio desmensurado, ou apenas evidenciam atitudes indignas praticadas por membros da Igreja ou, até mesmo, mesclando verdade com ficção, e querendo assim convencer os mais ingênuos. A título de exemplo, do qual não me orgulho de mencionar aqui, cito o nefasto “O Código da Vinci” – que induziu tantos a uma compreensão errado o Opus Dei – e, mesmo não sendo filme, o mais novo seriado “The Borgias”, que retrata a conquista da eleição e o papado do Papa Alexandre VI, esquecendo o bem que também ele fez à cidade de Roma, entre outros feitos dignos de consideração.




Digo que o filme recentemente lançado foge dos padrões, porque, primeiramente, ele não se coloca ou contra ou a favor de nada da Igreja. Ele não trata de questões polêmicas. Em segundo lugar: o novo filme do diretor Nanno Moretti (que também participa do longa) mostra a eleição de um novo papa que, contudo, padece do mal de temer aparecer aos fiéis no Vaticano devido à pressa e responsabilidade que isso implica. Em suma: é um papa tímido. Nisso está a singularidade do filme. Habemus Papam foi bem recebido pela crítica da Rádio Vaticana nesses termos: não apresenta uma investida contra algo da Igreja. O diretor Nanno Moretti, que na obra vive um psicólogo que é chamado para ajudar o recém-eleito a vencer seus receios, declarou que “apenas relatar a desadequação e a fragilidade que o novo papa, como tantos outros homens, poderia sentir face ao mundo, ao papel e à responsabilidade enorme de que foi investido.


Nas rápidas imagens que assisti no trailer e em outros vídeos, posso emitir um elogio à trilha sonora e, mais ainda, ao esforço de ser fiel às vestes usadas pela hierarquia da Igreja. Já vi outras produções – filmes e similares – que, embora, disponham de um admirável enredo, são pobres em figurino. Isso deixa de encher os olhos. Contudo, perdoem no cartaz oficial do filme o cordão da cruz peitoral: o papa usa-o em cor dourada, aí está figurado um de ouro entrelaçado com vermelho, usado pelas cardeais. Acreditemos que foi a correria para a primeira aparição da loggia da Basílica de São Pedro… rsrs.


Na primeira oportunidade que tivermos, não deixemos de conferir um filme que retrata, nem que seja de forma um tanto que maximizada, o medo por que passa o homem que foi eleito para governar a Igreja, de quem cada palavra e gesto são avaliados e sobre quem pesa uma enorme fardo de responsabilidade. Também Bento XVI, segundo ele próprio, sentiu receio ao ouvir várias vezes o seu nome na voz do cardeal escrutinador na votação do conclave que o elegeu – data que lembraremos amanhã, dia 19.

Eis o trailer do Habemus Papam de Nanno Moretti, que estará no Festival de Cannes:


http://www.youtube.com/get_player

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