Novo Mottu proprio
Texto do seminarista Carlos Donato, da Arquidiocese da Paraíba.
Sua Santidade o Papa Bento XVI, gloriosamente reinante, entre estas semanas das kalendas de março emanará um novo Mottu proprio, no qual retirará da Sagrada Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos a responsabilidade de averiguar os casos de matrimônios ratos não-consumados. A razão de tal ato do magistério petrino é, deixando de tratar de tal assunto, a Congregação possa dedicar-se com mais tempo e agilidade às questões estritamente litúrgicas. Estas, mais urgentes e evidentes é aquilo que se está chamando de “novo movimento litúrgico”, que seria a “reforma da reforma” como alguns gostam de defini-lo. Em concreto, é o atual movimento de estudo, aprofundamento e escritos, que nos levam a ver o quanto foi levado à distância aquilo que a “Sacrossanctum Concilium” desejou como reforma litúrgica. Como gosta de dizer o Santo Padre reinante, precisamos viver o espírito do Concílio.
A “Sacrossanctum Concilium” prevê o canto gregoriano como canto da Igreja de rito latino, a polifonia e o coro; celebração com a participação do povo e não com o protagonismo exagerado dos leigos; a missa “versus Deum” e a língua latina como formas oficiais da sagrada liturgia. E tantos outros pontos mal interpretados por alguns pós-conciliaristas.
Este movimento litúrgico torna-se visível também nas cerimonias do Santo Padre, que fez tornar o sacro silêncio depois da homilia e da comunhão. A volta do trono pontíficio, sinal de jurisdição e presidência da caridade que compete ao Romano Pontífice. O canto gregoriano nas celebrações voltou desde a missa de Santa Maria, Mãe de Deus. O genuflexório para a comunhão, pois aquele que é entregue por nós e Se fez pão é digno de ser adorado em seu mistério eucarístico. Depois de 50 anos, as trombetas do orgão vaticano e as áureas trompas foram tocadas e anunciaram o ingresso do Pontifice à missa por ele presidida na Basílica Vaticana. A beleza dos paramentos, reflexo da beleza de Deus e da magnitude de Suas obras, tornou com os belos paramentos litúrgicos postos de lado na era de Piero Marini.
Esperemos que este Mottu Proprio de Sua Santidade saia o quanto antes e produza seus bons frutos em nossa Terra de Santa Cruz.