Direto da Sacristia
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O Senado de Bento XVI – Parte 2/2

Postado em 19 novembro 2010por E. Marçal

Continuando o nosso texto sobre o Sacro Colégio, tomaremos ciência de como é organizado o mesmo e quais seus tarefas na Santa Igreja. Nem sempre o Colégio teve as mesmas funções e os mesmos títulos. Dando prosseguimento às reflexões, não procrastinemos e nos coloquemos de imediato neste trabalho quase que apostólico.


Iniciemos com as ordens nas quais se subdividem os membros do Colégio Cardinalício, que desde os tempos antigos está dividido em três, a saber: Ordem diaconal, presbiteral e episcopal.

Cardeais-bispos: em número de seis, que correspondem às sete Igrejas suburbicárias de Roma. Por direito, assistem à liturgia papal em pluvial com alamar precioso, ornado com três pinhas. O decano dos cardeais-bispos (protoepíscopo) assiste o Papa como librífero. Ainda hoje, eles possuem o título de uma igreja diocesana suburbicária, mesmo que desde João XXIII, tenham mais o poder de governo diocesano, que é confiado a um outro bispo, mas tem o titulo de Cardeal da diocese. O decano do Sacro Colégio possui o título da diocese de Óstia, vizinha a Roma, e conserva o título da suburbicária que detinha antes. Com o motu proprio de Paulo VI “Ad purpuratorum patrum” de 1965, inserem-se no Colégio os Patriarcas das Igrejas Orientais, que por não serem do clero de Roma, permanecem com sua sede oriental como igreja titular.

Cardeais-presbíteros: eram os eclesiásticos colocados à cura das almas nas antigas igrejas de Roma, chamadas de títulos. É desde o início, a Ordem mais numerosa, e por muito tempo eram 25, dobrando de número com Papa Sisto V e superando cem no século passado. Participam da missa papal com a casula sobre o roquete. São cardeais que simultaneamente ocupam um arcebispado ou que oficiam na Cúria Romana depois de terem sido arcebispos metropolitanos ou que, tendo sido prefeitos por 10 anos após sua criação cardinalícia, são promovidos a cardeais-presbíteros.

Cardeais-diáconos: eram os encarregados da administração dos seis ofícios do Palácio Laterano (“Diaconi palatini”) e dos sete das igrejas de Roma, como também dedicavam-se ao cuidado dos pobres presentes na Cidade (“Diaconi regionali“). Depois do pontificado de Sisto V tornam-se catorze. Cada um toma posse de uma diaconia das igrejas de Roma da qual é responsável. Participa da missa papal em dalmática e dois deles assistem ao papa no trono. Ou têm uma igreja própria em Roma e trabalham na Cúria Romana ou são presbíteros com idade superior a 80 anos e que foram promovidos ao cardinalato.

No centro, o Santo Padre Bento XVI, imediatamente ladeado pelo
mestre das celebrações litúrgicas pontifícias Mons. Guido Marini e

pelo cerimoniário pontifício Mons. Krajewski Konrad
acolitado por dois cardeais-diáconos em Missa com Capela Papal


Apesar de que as funções de cada Ordem na missa papal referem-se à celebração na forma extraordinária do Rito Romano, o costume dos cardeais-diáconos durante a liturgia pontifícia é preservado nas celebrações segundo os livros da reforma de Paulo VI. Em certas solenidades do ano, o Sumo Pontífice é acolitado por dois cardeais, da Ordem diaconal, cada um endossando mitra e dalmática.

Depois do consistório, cada cardeal deve tomar posse seja do seu títolo, seja da diaconia que lhe corresponde. As igrejas titulares e diaconais têm sempre na faixada os brasões do pontífice reinante e do cardeal titular. Com o decreto do Santo Padre Bento XVI para a diocese de Roma, todas as igrejas restauraram suas faixadas e afixaram os brasões papal e cardinalício.

Alguns membros Sacro Colégio ocupam funções distintas das dos demais, entre os quais:

Sua Eminência Angelo Cardeal Sodano
Secretário emérito de Estado
Cardeal-bispo de Albano
Cardeal-presbítero de
Santa Maria Nuova
Cardeal-bispo de Óstia Decano do Colégio de Cardeais

Decano: indica o cardeal primus inter pares (primeiro entre os iguais), que preside o Colégio e deve presidir o conclave que elegerà o novo papa. Se o papa neo-eleito não for bispo, cabe a ele sagrá-lo. É eleito entre os cardeais-bispos das igrejas suburbicárias e deve ser confirmado pelo papa. O atual decano é o cardeal Angelo Sodano, eleito em 2005.

Sua Eminência Tarcisio Cardeal Bertone
Secretário de Estado de Sua Santidade
Cardeal-bispo de Frascati

Camerlengo da Câmara Apostólica

Camerlengo: tem o dever de atestar a morte do papa, de administrar os bens eclesiásticos da Santa Sé, de governá-la durante a sede vacante e de convocar os cardeais para o conclave. O atual carmelengo da Santa Igreja Romana é o Cardeal Tarcisio Bertone, nomeado em 2007.

Sua Eminência Agostino Cardeal Cacciavillan
Presidente emérito da Administração do Patrimônio da Sé Apostólica
Cardeal-diácono dos Santi Angeli Custodi a Città Giardino

Protodiácono: o primeiro entre os cardeais-diáconos que possui o dever de anunciar ao povo cristão a eleiçao de um novo papa da sacada central da Basílica de São Pedro, com as palavras latinas: “Habemus Papam”, seguidas da apresentação do nome de batismo do eleito, como também o que escolheu para ser chamado como papa. Antes, era também seu dever assistir ao trono pontifício nas funções mais solenes para segurar-lhe as orlas do pluvial. Era o cardeal que coroava o papa (hoje impõe o pálio) durante a missa de coroaçao. O atual protodiácono é Agostinho Cacciavillan.

Asssinatura latina do Em.mo Tarcisio Cardeal Bertone


Os cardeais são por direito Príncipes da Igreja e herdeiros do trono pontíficio, já que são imediatos candidatos à sucessão papal. Acrescentam o título “Cardeal” antes do sobrenome.

As insígnias cardinalícias:

1. Solidéu: concedido pelo papa no momento do consistório
2. Mitra branca adamascada usada nas concelebrações.
3. Barrete imposto pelo papa com as palavras: Recebe este chapéu vermelho. Isso significa que até o derramamento do sangue te deves demonstrar intrépido pela exaltação da fé, a paz e a prosperidade do povo cristão, a conservação e o crescimento da santa Igreja.
4. Anel é usado desde o século XII como sinal de jurisdição de suas igrejas titulares.
5. O brasão com trinta borlas vermelhas, encimado pelo saturno de mesma cor. O pálio arquiepiscopal figura em seu brasão se o cardeal for Ordinário de alguma arquidiocese.
6.
Faixa, solidéu e o manto talar amplo são de seda ondeada;
7. O cordão da cruz peitoral é de cor vermelha e ouro;
8. Capa magna vermelha é usada dentro de sua jurisdição e nas ocasiões mais solenes.

Brasão de cardeal que, sendo Arcebipo residente de alguma arquidiocese,
consequentemente tem direito ao pálio

Brasão de cardeal que não é Ordinário de um arcebispado

Brasão de cardeal que, obtendo dispensa do Sumo Pontífice,
não recebeu a sagração episcopal

Algumas fotografias da cerimônia de consistórios há anos:

Suponho que seja a cerimônia do Consistório de 1946,
devido ao fato de observar-se um clérigo de vestes escuras,
supostamente o Patriarca da Cilícia dos Armênios – Líbano,
S.E.R.
Grégoire-Pierre XV Agagianian,
único oriental criado cardeal pelo Papa Pio XII

Vídeo com cenas do Consistório de 1946
presidido pelo Venerável Servo de Deus Papa Pio XII
http://www.youtube.com/get_player

Entre os cardeais criados nesse dia 18 fevereiro 1946, estão os Eminentíssimos brasileiros Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, Arcebispo de São Paulo, e Dom Jaime de Barros Câmara, Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro. Ainda, também recebeu o barrete cardinalício, o Núncio Apostólico no Brasil Benedetto Aloisi Masella.

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