Rei cristianíssimo
Em sua infância, o zelo pela religião foi unido à bravura macial que lhe valeu o cognome de o Leão, quando subjugou os cátaros no sul da França. Do mesmo modo, educou seus filhos com o ensinamento de orações, a necessidade de fazer penitência e de ir à santa Missa. Conta-se também, por exemplo, que às sextas-feiras não permitia que usassem qualquer ornamento na cabeça, em memória à coroação de espinhos de nosso Divino Redentor.
Com a morte de seu pai, aos 12 anos de idade subiu ao trono francês. Foi sagrado, pelo bispo de Soissons, Jacques de Bazoches, na catedral de Reims, em 30 novembro 1226. Contudo, por testamento de Luís VIII, a mãe do jovem monarca assumiu a regência da França.
Delicado, de cabelos louros e de olhos azuis, Luís atingiu a maioridade em 25 abril 1234, mas manteve a sua mãe numa posição de confiança e poder. Esta preparou, pouco mais de um mês depois, depois o seu casamento com Margarida da Provença, realizado na catedral de Sens. Pretendeu-se, assim, agregar o condado de Provença ao reino da França. De Margarida, sua esposa, falam como uma mulher dotada, pela graça e pela natureza, de toda sorte de perfeições. De fato, foi bem sucedida em prover a dinastia capetiana com herdeiros.
Durante o reinado de Luís, a França respirou um período de paz e prosperidade, mas também de excepcionais zelo religioso e intolerância. com a intenção de conduzir o povo francês à salvação da alma. São Luís não negligenciava o cuidado dos pobres, proibiu o jogo e a prostituição e punia a blasfémia. As punições estipuladas eram tão rigorosas que o papa Clemente IV julgou ser necessário atenuá-las. Em tempos que os monarcas disputavam que mais possuía sagradas relíquias em suas igrejas, o rei da França adquiriu umas das mais ambicionadas. Quando da construção da Sainte-Chapelle para a vida religiosa, tanto para a família real, quanto para a corte, procurou-se as relíquias exigidas para a dedicação da igreja gótica. Para tal destino, Luís IX obteve de Balduíno II, imperador de Constantinopla, a sagrada Coroa de espinhos e um fragmento da Verdadeira Cruz por 135 mil libras. Em contraste, o custo da construção da capela real não ultrapassou a cifra de 60 mil libras. Assim, é perceptível a preciosidade das relíquias adquiridas. Isso constribuiu muito para reforçar a posição central do rei da França na cristandade ocidental, bem como para aumentar a fama de Paris, na época a maior cidade da Europa ocidental.
Proibiu a usura e expandiu o alcance da Inquisição na França, principalmente ao sul do reino, onde era mais forte a heresia cátara, que rejeitava a Santíssima Trindade e os sacramentos, e permitiam a fornicação. Em todos os atos, São Luís tentava cumprir o dever da França, chamada “a filha mais velha da Igreja”, por ter sido a primeira nação convertida ao Cristianismo. Os reis franceses eram intitulados Rex Christianissimus (rei cristianíssimo) e tiveram o privilégio de o Papa proclamar a maioria das cruzadas em solo francês.
Em 1244, Luís IX caiu gravemente enfermo de disenteria. Foram organizadas vigílias, procissões, e outros atos religiosos pela sua convalescença, e o próprio monarca fez então um voto: caso sobrevivesse, partiria em cruzada para libertar o Santo Sepulcro dos infiéis.
A organização da Sétima Cruzada durou quatro anos e, em 12 junho 1248, o rei armou-se com o estandarte de guerra na Catedral de Saint-Denis e partiu, acompanhado da rainha Margarida da Provença e de seus dois irmãos. Parou em Lião e lá recebeu a bênção apostólica do Papa Inocência IV. Muitos de seus soldados morreram antes mesmo do primeiro ataque e depois deste, devido às intempéries do tempo e enfermidades, como o escoburto e disenteria. Por traição, seu exército rendeu-se e foi aprisionado, junto com o rei. Durante o seu cativeiro, sua esposa deu à luz em Damieta. Por fim, foram libertados mediante um avultado resgate pago pelos Templários. Na primavera de 1253, São Luís tomou conhecimento do falecimento da rainha-mãe regente, pelo que foi obrigado a voltar ao reino. O seu regresso foi acolhido com manifestações de afeição pelo Papa Clemente IV.
Em 04 julho 1270, Luís IX partiu para a Oitava Cruzada. Esperava converter o sultão de Túnis ao Cristianismo; contudo, as doenças da cidade de Cartago, que não permitiu o desembarque da armada francesa, atingiu o exército, o seu filho – que nascera no durante a Sétima Cruzada, João Tristão, e até ele próprio. Apesar de, tradicionalmente, ser dito que foi vítima de peste bubônica, na verdade, estudos recentes indicam disenteria como sua causa mortis.
Seu cadáver foi levado para a França pelo seu filho e sucessor, Filipe, com exceção das entranhas, que foram transladadas em parte para a atual Tunísia, e o resto, para a Abadia de Monreale, na Sicília. Seu túmulo na França foi saqueado durante as guerras religiosas, na segunda metade do século XVI, e do qual só foi recuperado o dedo, mantido atualmente na Catedral de Saint-Denis. As relíquias, anteriormente conservadas e veneradas na Sicília, foram ainda transportadas para a Tunísia para a dedicação da Catedral de São Luís de Cartago no final do século XIX e, por fim, devolvidas à França, quando de sua independência, e depositadas na Sainte-Chapelle.
Foi canonizado em 1297 pelo Papa Bonifácio VIII.
Arcebispo de Paris
do Título presbiteral de San Luigi dei Francesi
Há uma basílica sob seu patrocínio na cidade de Roma – San Luigi dei Francesi, de nacionalidade francesa. Em 07 junho 1967 foi constituída título cardinalício pelo Papa Paulo VI, para a qual é sempre nomeado o Cardeal-arcebispo de Paris. Atualmente, detém o título de San Luigi dei Francesi o Em.mo Cardeal André Armand Vingt-Trois, Arcebispo de Paris, nomeado para o título em 24 novembro 2007, de que tomou posse em 27 abril 2008.