Virgem Maria, mártir pela alma
que eu sinta em mim tua dor,
para contigo chorar.
Quero ficar junto à cruz,
velar contigo a Jesus,
e o teu pranto enxugar.
Verdadeiramente, ó santa Mãe, uma espada traspassou tua alma.
Aliás, somente traspassando-a, penetraria na carne do Filho.
De fato, visto que o teu Jesus
– de todos certamente, mas especialmente teu –
a lança cruel, abrindo-lhe o lado sem poupar um morto,
não atingiu a alma dele, mas ela traspassou a tua alma.
A alma d´Ele já ali não estava, a tua, porém, não podia ser arrancada dali.
Por isto a violência da dor penetrou em tua alma e nós te proclamamos,
com justiça, mais do que mártir,
porque a compaixão ultrapassou a dor da paixão corporal.
Não vos admireis, irmãos, que se diga ter Maria sido mártir na alma.
Talvez haja quem pergunte:
“Mas não sabia ela de antemão que iria ele morrer?” Sem dúvida alguma.
“E não esperava que logo ressuscitaria?” Com toda a confiança.
“E mesmo assim sofreu com o Crucificado?” Com toda a veemência.
Aliás, tu quem és ou donde tua sabedoria,
para te admirares mais de Maria que compadecia,
do que do Filho de Maria a padecer?
Ele pôde morrer no corpo; não podia ela morrer juntamente no coração?
É obra da caridade: ninguém a teve maior!
Obra de caridade também isto: depois dela nunca houve igual.