Dedicação de Santa Maria Maior
Ofício do dia: Dedicação da Patriarcal Basílica Liberiana de Santa Maria Maior
Hoje, a santa Igreja comemora a dedicação litúrgica da primeira igreja dedicada no Ocidente à Mãe de Deus. Em Roma, o ofício de hoje tem grau de solenidade, assim como o aniversário da dedicação das outras três basílicas patriarcais. O teto de Santa Maria Maggiore do século XVI é revestido com o primeiro ouro vindo das Américas. Este é o primeiro artigos de uma série de tantos outros sobre a Cidade Eterna.
Texto do seminarista Carlos Donato, da Arquidiocese da Paraíba.
Sua Eminência o Cardeal-Arcipreste Bernard Law
Celebramos na Urbi, a solenidade da Dedicação da Basílica Liberiana, ou como comumente chamamos Santa Maria Maggiore, coração mariano da Urbe e do orbe. Trata-se da primeira Igreja do Ocidente dedicada a Mãe de Deus. Nela se conserva, segundo a tradição, a manjedoura de Belém e o famoso ícone da “Salus Populi Romani” pintado por São Lucas e a este atribuída a não-invasão da Cidade por meio dos bárbaros e a libertação da peste que assolava a Europa.
Segundo a tradição a Virgem Maria teria aparecido ao Papa Libério e pedido que lhe dedicasse uma Igreja e o sinal seria a nevasca em pleno verão escaldante de Roma. Ao mesmo tempo a Santíssima Virgem apareceu a um nobre romano fazendo-lhe o mesmo pedido e dando-lhe o mesmo sinal. Ao amanhecer, o Esquilino, um dos sete montes de Roma, estava coberto de neve em pleno cinco de agosto, onde o calor atinge o máximo, registrando até 40ºC. Ao chegar ao local, o papa após ser informado, encontrou o nobre que ajudou a construir a Basílica. Todos os anos, durante a missa e às Vésperas Pontificais, na patriarcal Basílica se faz chover neve, artificial, sobre o altar recordando o milagre das neves.
Na capela lateral, à esquerda, encontra-se o belíssimo ícone de Santa Maria “Salus Populi Romani” – Salvação do povo de Roma ou Senhora das neves. Trata-se do ícone escrito por São Lucas em Éfeso representando a Virgem Maria, toda Santa, que traz nos braços o Salvador e nas mãos o avental, símbolo do serviço, e o anel, símbolo da escrava. Por sua vez o menino Jesus é revestido das vestes sacerdotais e traz em sua mão esquerda o Evangelho e com a direita abençoa, seus pés estão em movimento como quem parte para anunciar o Reino. Este ícone é amado e venerado pelos Romanos, que diante do mesmo param e elevam súplicas à Mãe de Deus.
Na mesma Patriarcal Basílica se encontra as relíquias do Papa São Pio V, na capela lateral à direita. Descendo do altar se encontra o altar-relicário da manjedoura de Belém. Nela está contido a santa “Culla” (Manjedoura) onde, segundo a tradição, foi reclinado o menino Jesus pela Virgem Maria na noite santa de Natal. Diante da qual vela a pia imagem do Beato Papa Pio IX que de joelhos intercede pela Igreja de Cristo. Muitos são os peregrinos que acorrem aos pés da Senhora das Neves, no coração agitado de Roma, perto da maior estação de trem, metro e ônibus da cidade, é ali que quis a mãe de Deus a sua igreja e ali faz deste templo um oásis de salvação e de graças a todos que a procuram.
No Brasil, segundo o núncio apostólico S.E.R. Dom Lorenzo Baldisseri , temos a única Igreja-catedral dedicada à Senhora das Neves ou “Salus Populi Romani” fora de Roma. Trata-se da Basílica-Catedral de Nossa Senhora das Neves, na cidade de João Pessoa, Paraíba. A quatrocentos e vinte e três anos que a Virgem Maria vela pela cidade à Ela confiada desde a fundação. Todos os arquidiocesanos dizemos
Que a Santíssima Virgem das Neves rogue por nós e sempre nos assista junto ao seu Filho Divino o Verbo encarnado Cristo Jesus.
Anno Domini MMX
Carlos Donato é seminarista da Arquidiocese da Paraíba
Residente no Seminário Internacional Sedes Sapientiae
da Prelazia da Santa Cruz e Opus Dei, Roma
Acadêmico de Teologia da Pontificia Università della Santa Croce
Correspondente e autor de artigos do blog